As vendas no comércio registraram uma queda de 0,3% em setembro em relação ao mês anterior, com resultados negativos em seis dos oito setores avaliados. Esse dado, divulgado pelo IBGE na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) em 13 de outubro, reflete um quadro econômico marcado pela alta das taxas de juros e uma menor geração de empregos. Segundo especialistas, as previsões para o varejo apontam que a estabilidade será a tendência nos próximos meses.
A queda das vendas foi inesperada, pois analistas previam um aumento de 0,3%. Este resultado representa a quinta redução nas vendas do comércio em apenas seis meses, conforme destacou Rafael Perez, economista do Suno Research. Em uma análise trimestral, a retração foi de 0,4% no terceiro trimestre de 2025 e de 1,5% no acumulado do ano, bastante inferior aos 4,2% registrados no mesmo período de 2024.
Leonardo Costa, economista do ASA, analisa que o cenário indica uma leve queda no consumo de bens no terceiro trimestre devido a condições de crédito desfavoráveis e um arrefecimento no mercado de trabalho. Rodolfo Margato, economista da XP, complementa que esse resultado reflete uma estabilização no mercado de trabalho, embora a renda real continue crescendo, o que reduz o espaço disponível para consumo devido ao comprometimento com dívidas.
Uma análise mais detalhada mostra que seis dos oito setores avaliados apresentaram diminuições nos volumes. As maiores quedas foram observadas em:
- Livros, jornais e papelaria: -1,6%
- Tecidos, vestuário e calçados: -1,2%
- Combustíveis: -0,9%
- Informática e comunicação: -0,9%
- Móveis e eletrodomésticos: -0,5%
- Supermercados: -0,2%
Por outro lado, setores como artigos farmacêuticos e médicos tiveram um desempenho positivo, com alta de 1,3%, refletindo uma demanda crescente por medicamentos.
A distribuição geográfica das quedas também mostrou um panorama negativo, com 15 das 27 unidades da Federação apresentando queda nas vendas do varejo restrito e 12 no ampliado. Estados como São Paulo e partes do Sul foram particularmente afetados, enquanto as regiões Norte e Nordeste demonstraram resultados mais variados, mas sem alterar o diagnóstico geral.
Perez argumenta que dois movimentos influenciam o setor: a pressão elevada nas taxas de juros que afeta compras de bens duráveis e a resiliência de segmentos ligados à renda, como os supermercados. No entanto, ele alerta que uma desaceleração no mercado pode ser esperada após um desempenho robusto no início do ano e ante o aumento das dívidas familiares.
As projeções apontam que o segmento varejista pode sofrer um impacto negativo em 2025, conforme afirma Heliezer Jacob, economista do C6 Bank. Contudo, ele também prevê um leve alívio nos últimos meses do ano devido à resiliência no mercado de trabalho e à expansão da renda, especialmente com a aproximação das festividades de fim de ano.
Finalmente, as previsões de crescimento para o PIB apontam uma expectativa de recuo de 0,1% no terceiro trimestre, com um crescimento de 2% esperados para 2025. O PicPay mantém a projeção para o PIB em 2,2% neste ano, enquanto a XP e o ASA projetam um crescimento de 0,2% e +0,2%, respectivamente, para o terceiro trimestre de 2025.

