A teoria laureada com o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2025 destaca o papel da inovação como motor do crescimento econômico global. O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Araujo, aponta que essa perspectiva é especialmente pertinente, uma vez que provoca discussões sobre diversos temas, desde a regulamentação das redes sociais até os efeitos da inteligência artificial no mercado de trabalho. Além disso, as tensões comerciais, como as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, podem afetar o desenvolvimento econômico.
A Real Academia Sueca de Ciências divulgou, nesta segunda-feira, os vencedores do Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas. Os pesquisadores Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt foram premiados “por explicarem o crescimento econômico impulsionado pela inovação”, conforme comunicado do comitê avaliador.
Para Araujo, a teoria reconhecida com o Nobel traz à luz o conceito de criação destrutiva, crucial para a compreensão da economia contemporânea. Ele afirma que, através de inovações, empresários desenvolvem novos produtos e métodos que tornam antigos modelos obsoletos, remodelando indústrias e iniciando ciclos de destruição e substituição, gerando maior produtividade:
“Esse processo sempre ocorreu na história, mas foi intensificado nas últimas décadas, especialmente após a Revolução Industrial.”
O professor sublinha que o crescimento econômico acelerado globalmente precisa ser debatido, assim como a necessidade de regulamentações adequadas. Ele alerta para os possíveis perdedores desse processo, como trabalhadores que podem perder empregos e a necessidade de regular as inovações trazidas pelas empresas de tecnologia.
A pesquisa premiada também oferece insights sobre a disparidade de crescimento entre nações. Araujo observa que, enquanto Estados Unidos e China avançam, países europeus e latino-americanos permanecem estagnados. Ele atribui isso à falta de investimentos consistentes em inovação e pesquisa científica no Brasil, exceto em setores como o agronegócio.
“A inovação é fundamental para o crescimento econômico, e o Brasil precisa explorar mais essa vertente. Infelizmente, os recursos disponíveis para pesquisa sempre foram escassos, mas é possível obter bons resultados com um maior investimento,” conclui Araujo.
O professor ainda enfatiza que a premiação é oportuna, considerando as crescentes tensões globais, especialmente as tarifas impostas por Trump. Tais tarifas prejudicam a colaboração internacional em pesquisa e inibem o intercâmbio de inovações:
“Essas tarifas podem reduzir a pesquisa e inibir o crescimento econômico em diversos países. O comércio externo é essencial para a difusão de inovações.”