O ano de 2025 desafiou previsões pessimistas ao apresentar um cenário complexo para a economia brasileira. Apesar das barreiras impostas pelo comércio internacional, especialmente com o “tarifaço” dos Estados Unidos, que testou a diplomacia e impactou as exportações, o mercado nacional demonstrou robustez. A inflação foi pressionada pelo desempenho positivo do mercado de trabalho, que viu a taxa de desemprego recuar para níveis históricos e a renda atingir recordes.
O Brasil enfrentou um intenso aperto monetário, com o Banco Central adotando uma postura de “vigilância extrema” em relação à Selic, que chegou a 15% em junho e não apresentou desconforto durante o restante do ano. Essa taxa alta foi necessária para conter a inflação, que se mostrava resistente, especialmente nos serviços. A coordenação da política monetária ficou sob a responsabilidade de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, que manteve o compromisso com as metas inflacionárias desde sua nomeação pelo presidente Lula.
Impacto da Selic e Desafios Inflacionários
A Selic elevada tornou o ano de 2025 restrictivo, com setores da economia analisando constantemente os indicadores para determinar o início de um possível ciclo de cortes. Apesar das expectativas, dados da atividade econômica e índices de inflação não apresentaram queda significativa. Segundo Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV Ibre, a taxa de juros real girou em torno de 10% ao ano, um indicador preocupante.
Eduardo Menicucci, professor da Fundação Dom Cabral, elogiou a eficácia da estratégia do Banco Central no combate à inflação, mas destacou os efeitos colaterais, como a desaceleração da atividade econômica e um Produto Interno Bruto (PIB) abaixo da média histórica. Projeções indicam que o crescimento em 2026 deve ser ainda menor, na ordem de 1,78%.
A inflação em 2025 foi beneficiada pela desvalorização do dólar, que impactou as exportações e os preços internos. Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, observou que a queda nos preços internacionais de alimentos e produtos industriais ajudaram a controlar a inflação, enquanto os serviços permaneceram sob pressão devido ao mercado de trabalho aquecido.
Tarifaço e Relações Comerciais
O “tarifaço” anunciado por Donald Trump em abril, que começou com uma taxa de 10% sobre produtos brasileiros e foi elevado para 50% em agosto, acendeu alertas sobre os possíveis impactos econômicos. Inicialmente, essa medida afetou 35% das exportações brasileiras, mas a criação de uma lista de exceções atenuou os danos. Assim, o Brasil diversificou seus mercados, minimizando os efeitos adversos das tarifas.
Em setembro, Trump surpreendeu ao mencionar Lula positivamente em um discurso na ONU, resultando em uma reunião em outubro e na retirada das tarifas sobre produtos brasileiros em novembro. Esse movimento aliviou as tensões comerciais e abriu espaço para negociações futuras, especialmente para garantir isenções em setores críticos como aço e alumínio.
Desvalorização do Dólar e Crescimento Econômico
O dólar comercial, que começou o ano cotado acima de R$ 6, encerrou em torno de R$ 5,40. Essa desvalorização decorreu de diversos fatores, incluindo as tarifas comerciais de Trump e a alta taxa Selic brasileira. A atratividade do rendimento da renda fixa no Brasil, impulsionada pela diferença de juros, continuou atraindo capital estrangeiro, beneficiando o real.
Por outro lado, a desvalorização das expectativas de crescimento nos EUA levou o Federal Reserve a considerar cortes nas taxas, o que afetou a competição entre os títulos do Tesouro americano e os mercados emergentes.
Mercado de Trabalho e Reforme Fiscal
O mercado de trabalho brasileiro alcançou um marco em 2025, com a taxa de desemprego caindo para 5,4%, a menor desde 2012. O rendimento médio também atingiu R$ 3.528, um aumento significativo impulsionado pela geração de empregos formais. Contudo, as empresas enfrentaram dificuldades para encontrar trabalhadores qualificados, em meio à crescente concorrência da “Gig Economy”.
Além disso, o Congresso avançou na regulamentação da Reforma Tributária, com propostas que incluem aumentos substanciais em impostos sobre cigarros e bebidas alcoólicas, desafiando o setor imobiliário com a proposta de duplicação da carga tributária sobre aluguéis residenciais.
Desempenho da Atividade Econômica
A atividade econômica em 2025 experimentou uma desaceleração moderada. O PIB cresceu 1,4% no primeiro trimestre, impulsionado pelo setor agropecuário, mas desacelerou para 0,4% no segundo trimestre e 0,1% no terceiro. Instituições financeiras projetam crescimento do PIB variando entre 1,8% e 2,2% para o ano, evidenciando a estagnação na segunda metade de 2025.
Bolsa de Valores e Investimentos
No mercado financeiro, a Bolsa de Valores brasileira atingiu recordes em 2025, encerrando o ano com 164 mil pontos. Esse triunfo foi impulsionado pelo ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, que atraiu investimentos internacionais para o Brasil, compensando a menor atratividade para investidores internos diante das altas taxas de juros.

