A instabilidade no mercado financeiro e a incerteza econômica estão marcando os primeiros meses da segunda administração do presidente Donald Trump. O DealBook examina os principais eventos até agora e as expectativas futuras.
Período Inicial Turbulento
Ao assumir o cargo em janeiro, Trump era esperado para implementar políticas que reduziriam impostos e desregulamentariam o setor econômico. No entanto, Wall Street foi surpreendida por um cenário caótico. O presidente impôs tarifas elevadas ao comércio global, questionou a independência do Federal Reserve e complicou o ambiente para fusões e aquisições.
Durante este período, o S&P 500 registrou uma queda de aproximadamente 8%, a pior performance nos primeiros 100 dias de mandato desde Gerald Ford, em 1974, um período marcado pelo escândalo de Watergate, recessão e crise do petróleo.
Em 2023, a política comercial protecionista de Trump teve um impacto significativo nos mercados. Comemorações pelos 100 dias de sua segunda administração ocorrerão em um comício em Michigan, onde se espera que a Casa Branca anuncie alívio nas tarifas sobre automóveis.
A General Motors retirou sua previsão de resultados para o ano, citando incertezas relacionadas às tarifas, conforme declarou seu CFO, Paul Jacobson.
Mercados e Economia
Trump herdou uma economia em crescimento e um mercado de trabalho robusto, mas sua guerra comercial alterou drasticamente esse panorama. As tarifas, as mais elevadas em um século, desestabilizaram cadeias de suprimento globais, minaram a confiança de empresas e consumidores, além de aumentar as chances de recessão.
Os investidores começaram a considerar vender ativos americanos, com a popularidade do presidente caindo, conforme apontam pesquisas recentes.
As próximas semanas poderão ser decisivas, pois o impacto das tarifas deve começar a refletir nos dados de inflação, PIB e emprego. No entanto, acordos comerciais continuam em discussão, com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, indicando que um acordo com a Índia poderia ser o primeiro a ser finalizado, embora um pacto com a China ainda pareça distante.
Cortes no Governo
Nos primeiros dias de governo, Trump enfrentou desafios significativos, especialmente na relação com Elon Musk. Musk, que inicialmente seria um aliado estratégico, já anunciou a redução de sua presença em Washington, argumentando que sua principal missão de corte de custos estava quase concluída.
Desde então, diversas agências enfrentaram cortes severos de funcionários:
- Desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que empregava cerca de 10.000 pessoas.
- Demissões no Instituto Nacional de Saúde (NIH), com cortes de cerca de 1.200 postos e a proposta de reduzir em até US$ 5 bilhões as verbas anuais.
- Cortes significativos no Departamento de Defesa e no Serviço Postal dos EUA, que planeja demitir até 10.000 funcionários.
Estima-se que Musk e sua equipe tenham eliminado mais de 200.000 cargos federais até março de 2023, o que poderá resultar em uma perda de produtividade estimada em US$ 135 bilhões para os contribuintes.
Ataque às Instituições
Além de suas políticas econômicas, Trump também direcionou suas críticas a universidades e instituições jurídicas. Um dos alvos de suas ações foi a Universidade de Harvard, que processou o governo em resposta ao seu aumento de exigências. O governo congelou US$ 2,2 bilhões em financiamento de bolsas após Harvard se opor às novas condições.
Além disso, Trump emitiu ordens executivas que afetam os escritórios de advocacia, enquanto a resistência a essas medidas emergiu de alguns grupos, que buscam contestar as ações do governo nos tribunais.
Os resultados desses processos podem influenciar os rumos das instituições americanas, determinando se as mudanças perpetradas por Trump resultarão em impactos duradouros ou apenas em manchetes temporárias.