O varejo brasileiro apresentou um crescimento modesto de 0,4% em outubro, conforme divulgado pelo Índice do Varejo Stone (IVS) nesta quinta-feira, 13. Apesar desse leve aumento, o setor registrou uma queda de 1,5% em comparação ao mesmo mês de 2022, evidenciando um panorama de recuperação ainda moderado no consumo.
Tal desempenho ocorre em um cenário de elevado endividamento familiar e inflação persistente. Embora a alta dos preços tenha arrefecido recentemente, a situação das famílias ainda é preocupante. Segundo Guilherme Freitas, economista e cientista de dados da Stone, “o consumo continua a ser sustentado pelo mercado de trabalho aquecido, que apresenta taxas de desemprego historicamente baixas e uma massa de rendimentos elevada. Contudo, o elevado comprometimento da renda com dívidas limita uma recuperação mais robusta.”
Em outubro, a proporção de famílias inadimplentes se manteve em 30,5%, a máxima histórica, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Além disso, 79,5% das famílias estavam endividadas.
Entre os oito setores analisados, cinco apresentaram crescimento em outubro. Os destaques foram:
- Tecidos, Vestuário e Calçados: +1,2%
- Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico: +1,1%
- Livros e Papelaria: +0,5%
- Artigos Farmacêuticos: +0,2%
- Supermercados e Alimentos: +0,1%
Em contraste, os setores de Combustíveis e Lubrificantes tiveram a maior queda (-2,3%), seguidos por Móveis e Eletrodomésticos (-0,5%) e Materiais de Construção (-0,4%). No comparativo anual, setor como Livros, Jornais e Papelaria (+0,9%) e Artigos Farmacêuticos (+0,5%) foram os únicos a registrar crescimento, enquanto Móveis e Eletrodomésticos e Supermercados e Alimentos apresentaram uma redução de 2,5%.
Os aumentos de vendas nos segmentos de maior desempenho coincidem com as maiores altas de preços do mês, como indicado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,09% em relação a setembro, acumulando uma alta de 4,68% nos últimos 12 meses. O grupo Vestuário teve a maior variação de preços em outubro, com calçados e acessórios subindo 0,89% e roupas femininas 0,56%.
A análise regional das vendas em outubro mostra variações significativas entre os estados. Apenas seis estados registraram crescimento, com os melhores resultados em:
- Amapá: +4,2%
- Espírito Santo: +2,7%
- Sergipe: +0,3%
- Ceará: +0,2%
- Goiás e Mato Grosso: +0,1%
Por outro lado, as maiores quedas ocorreram em Rondônia (-8,6%), Rio Grande do Sul (-4,7%) e Santa Catarina (-3,6%).

