Discussões sobre dinheiro são uma das principais fontes de conflitos em relacionamentos. Uma pesquisa realizada pela Serasa em maio de 2023 revelou que mais da metade das famílias brasileiras enfrentam brigas financeiras. O estudo também destacou que cerca de 50% dos entrevistados confessaram ter ocultado gastos ou dívidas de seus parceiros, uma prática conhecida como “infidelidade financeira”. Essa falta de transparência não só repercute negativamente no orçamento familiar, mas também compromete a confiança entre os envolvidos.
Motivos de Conflito Financeiro Entre Casais
Com base em análises de especialistas, o InfoMoney identificou quatro fatores que mais frequentemente contribuem para tensões financeiras nas relações amorosas.
Dívidas no Cartão de Crédito
O cartão de crédito, que pode ser uma ferramenta conveniente, frequentemente se transforma em um fardo financeiro. Segundo dados da Serasa, em 2022, 30% das dívidas em atraso estavam relacionadas a cartões de crédito. Essa situação se agrava quando um parceiro realiza compras de grande valor sem comunicar o outro, resultando em um desequilíbrio no orçamento.
Fernando Lamounier, educador financeiro, destaca que o uso imprudente do cartão é uma das principais causas de desavenças financeiras. “Escolhas divergentes sobre o que é essencial podem gerar desconfiança e ressentimento”, afirma. O presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), José Cesar da Costa, complementa que 54% dos consumidores não monitoram seus gastos no cartão, e 82% que utilizam o crédito rotativo desconhecem as taxas de juros que pagam. “O crédito pode ser um aliado, mas requer cautela e controle para evitar o superendividamento”, adverte.
Hábitos de Consumo Diferentes
A divergência na forma como cada um usa o dinheiro é outro importante fator de conflito. Enquanto um parceiro pode priorizar experiências imediatas, o outro pode estar focado em planos de longo prazo. Segundo o psicólogo Osvaldo Marchesi Júnior, é crucial que os casais discutam suas motivações e prioridades financeiras para evitar mal-entendidos que podem gerar ressentimentos.
Falta de Planejamento Conjunto
Estabelecer um orçamento sólido é essencial, mas o planejamento financeiro vai além disso. Se os objetivos dos parceiros não estiverem alinhados, haverá um risco maior de desgastes com o tempo. O planejamento deve envolver discussing prioridades financeiras e sonhos comuns, para garantir que ambos caminhem na mesma direção.
Divisão Desproporcional das Despesas
A maneira como as contas são divididas pode ser uma fonte comum de conflitos. Muitas vezes, casais adotam a regra do “meio a meio”, mesmo quando há discrepâncias salariais. Essa situação pode resultar em ressentimento, especialmente se um parceiro sentir que está arcando com uma carga desproporcional. A planejadora financeira Thaisa Durso propõe uma abordagem mais equitativa, sugerindo que a divisão de despesas seja proporcional à renda de cada um. Por exemplo, se um parceiro ganha R$ 6 mil e o outro R$ 4 mil, a divisão de uma despesa de R$ 2 mil poderia ser de 60% para quem ganha mais e 40% para quem ganha menos, garantindo um esforço financeiro balanceado.