A Klabin (KLBN11) enfrenta um cenário desafiador, com suas ações apresentando uma queda acumulada de 19% em 2023. Esse resultado reflete a preocupação dos investidores com a possível desaceleração do consumo doméstico no setor de embalagens, as incertezas relacionadas às tarifas da gestão de Donald Trump e a recente valorização do real. No entanto, a Genial Investimentos mantém a recomendação de compra para os papéis da empresa, embora tenha reduzido seu preço-alvo de R$ 27 para R$ 23,50.
A corretora considera os fatores acima como motivos válidos para a atual moderação nos fundamentos da Klabin, mas classifica a queda nas ações como “injustificável”.
Para o resultado do primeiro trimestre de 2025 (1T25), que será divulgado em 7 de março, antes da abertura do mercado, a Genial projeta um avanço operacional significativo em comparação ao ano anterior. Este desempenho deverá ser impulsionado pela recuperação gradual da rentabilidade na divisão de Celulose, com uma expectativa de crescimento de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 24,3% em relação ao mesmo período de 2024.
Segundo o relatório da Genial, esse crescimento é favorecido pela valorização da taxa de câmbio média, que deve ficar em R$ 5,85 no 1T25 em comparação a R$ 4,95 no 1T24. Adicionalmente, a ausência de paradas programadas no trimestre deverá contribuir para a redução do custo dos bens vendidos (COGS) por tonelada.
Os analistas acreditam que a força operacional da Klabin permanecerá sólida, especialmente devido à estabilidade dos preços das embalagens. Embora se espere uma leve queda de 1,1% no Ebitda em comparação ao trimestre anterior, essa alteração não deve comprometer a tendência positiva da empresa ao longo de 2025. Este desempenho parece estruturado, considerando as características sazonais típicas do primeiro trimestre e a capacidade da Klabin de manter seus resultados mesmo com a queda nos volumes de produção entre os trimestres.
Entretanto, em razão dos efeitos adversos da Guerra Comercial EUA-China, a Genial ajustou suas projeções de embarques de caixa de papel ondulado para 2025 e 2026, além de reduzir as vendas de kraftliner devido aos riscos associados às tarifas recíprocas e ao rebaixamento da taxa de câmbio, que está atualmente projetada em R$ 5,65, comparada a R$ 6,20 no início do ano.
A corretora também espera que o índice de dívida líquida/Ebitda em reais retorne a 4,1 vezes. Esse cenário deve ser impactado por três fatores principais: o recebimento de R$ 900 milhões no fluxo de caixa gerado pelo Projeto Plateau, o aumento de R$ 150 milhões no Ebitda em relação ao ano anterior e a redução nominal da dívida externa, consequência da queda na taxa de câmbio de R$ 5,74 para R$ 6,19 entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025.
Klabin: Projeções e Resultados Esperados
A divisão de Papel & Embalagens da Klabin é projetada para reportar uma receita líquida de R$ 3,3 bilhões, uma queda de 4,9% em relação ao trimestre anterior, mas um aumento de 12,2% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Esta redução trimestral é atribuída à sazonalidade nos volumes de papel-cartão e sacos industriais, além da estabilidade nos preços praticados. O crescimento anual é sustentado pelo ramp-up da MP28 — nova máquina dedicada à produção de kraftliner, que apresentou um aumento de 20,6% na base anual — além do crescimento na demanda nacional por embalagens, notavelmente caixas de papelão ondulado, com aumento nos preços de todos os produtos.
O Ebitda da divisão é estimado em R$ 976 milhões, mostrando uma queda de 5,0% em relação ao trimestre anterior e de 1,4% na comparação anual. Segundo a Genial, essa retração é explicada pela menor diluição dos custos fixos resultante da redução nos volumes e pelo aumento dos custos de integração na comparação anual.
No que tange à divisão de Celulose, a projeção é de uma receita líquida de R$ 1,5 bilhão, com uma redução de 9,5% t/t e um aumento de 11,3% a/a. A queda trimestral é atribuída a uma diminuição nos embarques de celulose kraft branqueada de madeira folhosa (BHKP), com uma retração de 14,2% devido a gargalos operacionais e logísticos. O crescimento na comparação anual será impulsionado pela valorização dos preços de BHKP ecelulose kraft branqueada de madeira conífera (BSKP), que subiram 18,2% com a valorização do dólar frente ao real.
O Ebitda da unidade de Celulose é projetado em R$ 827 milhões, representando uma alta de 3,9% no trimestre e um expressivo aumento de 24,9% em relação ao ano anterior. Essa evolução reflete a drástica redução do COGS por tonelada, que caiu 12,6% na comparação trimestral, principalmente pela ausência de paradas programadas no 1T25.