Em março de 1990, o autor de novelas, Aguinaldo Silva, teve que fazer mudanças significativas em sua obra “Rainha da Sucata” devido ao impacto das medidas econômicas do Plano Brasil Novo, também conhecido como Plano Collor. Com essas transformações, o autor se viu na necessidade de reescrever pressurosamente 30 capítulos da trama, que explora temas como riqueza e poder através das vidas de suas protagonistas: Maria do Carmo, interpretada por Regina Duarte, e Laurinha Figueroa, interpretada por Glória Menezes.
O plano econômico, que incluiu o congelamento de salários e preços, a criação de uma nova moeda e o confisco das poupanças, causou uma verdadeira reviravolta na sociedade brasileira, o que exigiu que a novela refletisse essa nova realidade. Aguinaldo Silva explicou que era fundamental adaptar a narrativa para que ela não se tornasse obsoleta, uma vez que a história estava intrinsecamente ligada à classe social da qual as personagens faziam parte. A reformulação da trajetória de Laurinha, uma socialite que enfrentava a falência, tornou-se mais verossímil depois do confisco de seus recursos financeiros. Assim, a narrativa deixou de ser apenas a história de um indivíduo para se transformar na história de uma classe social inteira.
A trama também trouxe à tona o relato de Maria do Carmo, uma empresária que começou sua jornada a partir de um ferro-velho e, para se adaptar ao novo contexto econômico, decidiu investir em um estoque de carros e na construção de uma casa de espetáculos chamada Sucata. O autor destacou que Maria do Carmo estava à espera da introdução da nova moeda, os cruzeiros, para alavancar seu negócio. Essa decisão a levou a abrir uma casa de shows, pois acreditava que o entretenimento sempre atraía investimentos.
Assim, “Rainha da Sucata” tornou-se uma novela que não apenas retratou a ascensão e a queda de seus personagens, mas também refletiu os desafios e as mudanças enfrentadas pela sociedade brasileira em um período de intensa instabilidade econômica.

