No domingo à noite, o Senado dos Estados Unidos completou a votação que permite o avanço de uma legislação para reabrir o governo, após o apoio de um grupo de senadores democratas. Com o apoio de oito democratas, os republicanos conseguiram os votos necessários para aprovar um pacote de gastos que financiará diversas agências federais até janeiro. Essa medida pode, assim, encerrar um período de paralisia que durou 40 dias.
Essa votação preliminar, que teve um placar de 60 votos a favor e 40 contra, ocorreu em uma rara sessão dominical, permitindo que o acordo siga para análise no Congresso. Contudo, ainda são necessários mais debates e aprovações, tanto no Senado quanto na Câmara dos Representantes, antes que o presidente Donald Trump possa assinar a proposta e assim selar o fim da paralisação.
Os democratas, que tinham entre suas principais demandas a extensão dos subsídios de saúde do Affordable Care Act, não conseguiram incluir esse item no acordo. Durante a votação, o líder da maioria no Senado, John Thune, afirmou que estava comprometido a realizar uma nova votação sobre essa extensão até a segunda semana de dezembro. No entanto, muitos democratas saíram da votação insatisfeitos, uma vez que o acordo não atendeu à principal exigência do partido.
É importante destacar que, até esse momento, os republicanos não haviam conseguido obter o apoio suficiente dos democratas para aprovar um projeto de lei de gastos temporário, recebendo apenas três votos de sua bancada, o que não era suficiente. No entanto, a situação mudou com a nova votação.
Richard J. Durbin, senador de Illinois e um dos líderes democratas, explicou seu voto afirmando que o apoio ao acordo era necessário para proteger trabalhadores federais, incluindo controladores de tráfego aéreo que estavam atuando sem receber salário e para garantir a continuidade de benefícios nutritionais federais, que estavam em risco devido à paralisia.
À medida que as negociações avançavam, o senador Tim Kaine, da Virgínia, declarou que votaria a favor da reabertura do governo se uma cláusula fosse incluída, garantindo a reintegração e o pagamento retroativo de salários para os funcionários federais demitidos. Ele destacou a importância dessa medida para a proteção dos direitos dos trabalhadores.
O coração do acordo no Senado é um pacote de gastos que foi elaborado de forma discreta por moderados dos dois partidos. Este pacote inclui uma nova provisão para financiar o governo até janeiro e três outras medidas que cobrem áreas como agricultura e agências governamentais até 2026. Os líderes da Comissão de Orçamento do Senado apresentaram este financiamento, que também inclui iniciativas que visam reverter demissões de funcionários federais e impedir novas demissões em massa.
Os republicanos tentaram cortar o financiamento de alguns programas importantes, como o Alimentos para a Paz, que envia alimentos para comunidades que enfrentam fome no exterior, mas o novo projeto destina US$ 1,2 bilhão para essa iniciativa.
Outro ponto de discórdia foi a proposta de reduzir o financiamento do Escritório de Responsabilidade Governamental, que auxilia o Congresso a monitorar os gastos públicos. Essa proposta foi rejeitada e o financiamento do escritório foi mantido inalterado.
Os democratas vinham pressionando para que os republicanos aceitassem a extensão dos subsídios de saúde em troca de seus votos de apoio para financiar o governo, mas essa condição não foi atendida. Durante a semana que antecedeu a votação, o líder democrata Chuck Schumer ofereceu um período de prorrogação de apenas um ano para os subsídios, mas a proposta foi rapidamente rejeitada.
Com a aproximação do acordo, membros do partido democrata expressaram desconforto, incluindo o senador Bernie Sanders, que considerou que aprovar a reabertura do governo sem garantir a continuidade dos subsídios de saúde seria uma decisão equivocada. Além disso, a senadora Elissa Slotkin, que participou ativamente das negociações, também se mostrou insatisfeita, questionando como a saúde não foi abordada adequadamente no acordo.

