O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, caracteriza como um “luxo” as recentes declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a política monetária. Em entrevista realizada na quinta-feira, 25, Galípolo enfatizou a importância de comentários feitos pelo ministro e pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron, sobre o tema. “Acho um luxo ter um ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro comentando sobre a política monetária com tanta delicadeza, gentileza e educação”, afirmou.
Na terça-feira, após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), Haddad expressou sua opinião de que a taxa Selic, atualmente em 15%, não é “justificável”. O ministro ressaltou a necessidade de uma redução nos juros, embora tenha poupado Galípolo de críticas, reconhecendo que sua gestão no Banco Central começou em um contexto de “crise”.
Na quarta-feira, Ceron também comentou sobre a taxa Selic, afirmando que os juros elevados “machucam” e são “insalubres”, mas elogiou os esforços do Banco Central. Galípolo, por sua vez, reiterou que a autonomia do BC não elimina a possibilidade de críticas ou desacordos com a autoridade monetária.
“O Banco Central busca constantemente a opinião dos economistas que participam do levantamento Focus sobre as expectativas para a política monetária. É totalmente legítimo que o ministro da Fazenda também opine sobre o assunto”, concluiu Galípolo.