Ao longo da história, a humanidade sempre se esforçou na busca pelo “elixir da vida”, um antídoto contra o envelhecimento.
A mitologia grega, por exemplo, narra a tentativa de Zeus de alcançar a imortalidade envenenando Chronos, enquanto discussões modernas abordam maneiras de manipular o tempo e a biologia.
Recentemente, um estudo promissor, elaborado por cientistas da renomada startup Integrated Biosciences, juntamente com colaboradores da Universidade Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, mergulhou profundamente nesse enigma.
A pesquisa, intitulada “Discovering small-molecule senolytics with deep neural networks”, embora complexa em seu nome, tem um objetivo claro: usar a Inteligência Artificial (IA) para descobrir medicamentos potencialmente capazes de impedir o envelhecimento celular.
Os cientistas treinaram modelos de aprendizado profundo para identificar pequenas moléculas que poderiam atuar como agentes senolíticos.
Estas são substâncias que podem combater as chamadas “células zumbis” ou células senescentes, que estão associadas ao processo de envelhecimento e diversas doenças.
Felix Wong, físico e matemático, principal autor da pesquisa, compara a descoberta de uma nova droga ao ato de buscar uma agulha em um palheiro. Neste caso, o palheiro é composto por todos os possíveis compostos químicos.
A IA permitiu que Wong e sua equipe testassem mais de 800 mil compostos químicos, resultando na identificação de três potenciais medicamentos senolíticos.
Outros especialistas, como o biofísico Andrew Rutenberg, veem esse método de pesquisa como revolucionário, elogiando o uso da aprendizagem profunda para explorar estruturas moleculares na busca por novos senolíticos.
Os pesquisadores mostraram como a cheminformatics, que combina química e informação computacional, pode ser instrumental na criação de drogas promissoras contra o envelhecimento.
Além disso, compartilharam detalhes de seu software para impulsionar descobertas moleculares futuras.
Este estudo emblemático representa um avanço significativo na pesquisa biomédica, pois combina métodos tradicionais de triagem de compostos com algoritmos avançados de IA.
Os experimentos subsequentes em modelos animais já apresentaram resultados promissores, indicando uma possível eficácia no combate ao envelhecimento celular.
Entretanto, é crucial observar que a busca não é por imortalidade per se, mas sim por uma longevidade saudável.
Conforme observado pelo físico italiano Guido Tonelli, a ideia de imortalidade desafia tanto as leis da física quanto os conceitos filosóficos fundamentais sobre a existência.
Assim, enquanto a ciência avança a passos largos, a busca continua não pelo elixir da eternidade, mas por uma vida mais longa, plena e saudável.