O setor financeiro brasileiro continua a liderar em termos de arrecadação de impostos federais, conforme aponta um estudo da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin), divulgado no último domingo, 14 de outubro. Entre 2016 e 2021, a indústria financeira contribuiu com aproximadamente 10 pontos percentuais a mais em tributos do que sua correspondente participação no Produto Interno Bruto (PIB).
Com uma carga tributária superior à média de 75% dos países e similar a economias desenvolvidas, o Brasil destina cerca de 4,5% do PIB para redução de impostos em setores selecionados. Os pesquisadores destacam que, apesar de as empresas brasileiras enfrentarem uma intensa carga tributária, a distribuição desse ônus varia consideravelmente entre diferentes atividades econômicas.
O estudo surge em meio a um debate acalorado entre fintechs e bancos sobre quem arca com a maior carga tributária. No final de novembro, o CEO do Nubank, David Vélez, declarou que a fintech é atualmente a maior contribuinte de impostos do Brasil, com uma alíquota efetiva de 31%. Em resposta, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que essa discrepância se deve à rentabilidade superior do Nubank e acusou a fintech de se beneficiar de “assimetrias regulatórias”.
Atuação do Setor Financeiro no PIB
Segundo o relatório da Fin, a atividade financeira representou 4,8% do PIB brasileiro em 2024, totalizando R$ 483,6 bilhões em valor adicionado, consolidando-se como um dos cinco maiores setores da economia nacional. Em 2023, o segmento registrou crescimento de 7,5%, seguido por uma expansão de 3,7% em 2024, ambos superando o crescimento do PIB, que foi de 3,2% e 3,4% respectivamente.
“Os dados evidenciam que o sistema financeiro brasileiro não apenas impulsiona investimentos, inovação e consumo, mas também gera uma parte significativa do emprego formal e da arrecadação pública. Com um ambiente econômico adequado, o potencial deste setor para contribuir com o País pode ser ainda maior”, ressaltou Cristiane Coelho, presidente da Fin.
A relação de crédito ao setor privado alcançou 93,5% do PIB em 2024, um valor abaixo da mediana internacional de 139%. No entanto, entre 2019 e 2024, essa proporção cresceu em 16,5 pontos percentuais, o terceiro maior aumento entre cerca de 40 economias analisadas. Em contrapartida, a mediana dos países avaliados registrou uma retração de 5,7 pontos percentuais no crédito privado como proporção do PIB.
O estudo também destaca a crescente popularização do Pix, evidenciando que o Brasil está entre os mercados com maior incremento no volume e valor das transações eletrônicas. Entre 2011 e 2021, o número de empregos no setor financeiro aumentou, em média, 3,2% ao ano, enquanto a remuneração nominal cresceu 7,4% anualmente.
Vinícius Botelho, gerente de Assuntos Econômicos da Fin, afirmou: “Analisando todas as atividades do setor financeiro, fica evidente sua amplitude: em 2024, ele representou quase 5% do PIB brasileiro e teve desempenho entre as atividades monitoradas pelo IBGE que mais se relaciona com o consumo e investimento futuros.”



