O mercado financeiro está cada vez mais confiante de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará o ano próximo ao teto da meta de inflação, estabelecida em 4,5%. Dados recentes, como o boletim Focus, indicam uma mediana de 4,56%, enquanto a pesquisa Projeções Broadcast aponta para 4,51%. Essa perspectiva de moderação no IPCA reforça as expectativas de que o início do ciclo de flexibilização monetária possa ocorrer em janeiro, embora essa não seja a visão predominante entre os economistas.
A resiliência do mercado de trabalho e a inflação elevada nos serviços, apesar de uma desaceleração recente, podem servir como um obstáculo para o Banco Central na decisão de reduzir a taxa Selic nesse período. Andréa Angelo, economista da Warren Investimentos, argumenta que a desaceleração nos serviços aumenta as chances de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em janeiro. Segundo ela, os dados do IPCA mostraram melhorias em setembro e na leitura do IPCA-15 de outubro, embora os serviços intensivos em trabalho tenham apresentado aceleração.
João Savignon, head de macroeconomia da Kínitro Capital, também observa que o cenário atual da inflação pode aumentar a probabilidade de antecipação no ciclo de cortes da Selic. Contudo, ele adverte que ainda é prematuro para o Comitê de Política Monetária (Copom) tomar uma decisão antecipada sobre a redução da taxa. A Kínitro prevê a primeira queda na Selic entre março e abril, mas não descarta a possibilidade de um corte em janeiro.
Por sua vez, Fabio Romão, economista da 4intelligence, prevê que a projeção do IPCA para 2025 se estabilize em 4,5%. Embora haja uma crescente expectativa de cortes na Selic a partir de janeiro, ele ressalta que o mercado de trabalho deve permanecer aquecido até o final deste ano. O economista estima que o IPCA feche abaixo da meta, com uma alta de 4,52%, mas destaca que a inflação dos serviços continuará a ser um desafio para o Banco Central, projetando uma taxa de 6% para o final do ano.
Alexandre Maluf, da XP Investimentos, também acredita que o cumprimento do teto da meta inflacionária poderá levar a cortes na taxa de juros em janeiro. Contudo, ele menciona as incertezas fiscais e o ciclo de cortes do Federal Reserve como fatores relevantes a serem considerados. A XP mantém a expectativa de um afrouxamento monetário a partir de março, com uma redução de 0,50 ponto percentual. Maluf ainda observa uma leve melhora na inflação de serviços, mas acredita que a sustentabilidade dessa tendência será desafiada pelos estímulos fiscais e de crédito programados para 2026.



