No último discurso na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou os esforços do Brasil para intensificar o diálogo e a cooperação entre os países do Sul Global, além de criticar as tarifas impostas por outras nações. A declaração ocorreu às vésperas da primeira reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente aplicou uma série de taxas sobre produtos brasileiros, com um aumento que varia até 50% desde agosto.
Durante o evento, onde foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional pela Universidade Nacional da Malásia, Lula afirmou: “Somos a maioria da população mundial e compartilhamos o mesmo desejo de justiça e superação das desigualdades. Rejeitamos a lógica da guerra como continuidade da política. Tarifas não são mecanismos de coerção.” O presidente enfatizou que as nações que não se submeteram ao colonialismo e às divisões da Guerra Fria não se deixarão intimidar por ameaças.
Sobre a reunião com Trump, Lula já havia manifestado que não impondo restrições aos temas que seriam discutidos. Ele destacou a importância de esclarecer os mal-entendidos em relação às tarifas: “Estou convencido de que podemos avançar e restabelecer uma relação civilizada com os EUA, que já temos há 201 anos.” Lula também mencionou a preocupação com o aumento dos preços de produtos como carne e café nos Estados Unidos, e a sua intenção de apresentar as expectativas do Brasil para a parceria bilateral.
Após a coletiva, o presidente expressou otimismo em encontrar uma solução para as divergências, afirmando: “Eu trabalho com a esperança de que possamos encontrar uma solução. Vamos discutir os problemas e buscar resolver.”
Na ocasião, Lula ainda abordou a relevância do BRICS — bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — como um elemento crucial na luta por um mundo multipolar, menos desigual e mais pacífico. Ele defendeu uma ordem mundial baseada no diálogo e na diplomacia, e assinalou a necessidade de reformas nas Nações Unidas para promover maior equidade. “O recrudescimento do protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio geram uma situação insustentável para o Sul Global”, afirmou. Lula destacou que é inadmissível que as nações ricas tenham nove vezes mais poder de voto no FMI do que os países em desenvolvimento.



