A recente desvalorização do dólar americano, que caiu 9% em relação a uma cesta de moedas desde janeiro, levanta preocupações significativas sobre a confiança global nos Estados Unidos. Este movimento acentuado é considerado raro e é visto como um reflexo das políticas econômicas do governo de Donald Trump. Economistas acreditam que essa liquidação pode sinalizar uma crise de confiança que, se não revertida, poderá impactar a sólida posição do dólar como moeda de reserva mundial.
O economista da Universidade da Califórnia, Berkeley, Barry Eichengreen, observa que “a confiança e dependência do dólar foram construídas ao longo de mais de cinco décadas, mas podem se dissipar rapidamente”. Essa possível perda de confiança é particularmente preocupante, dado que o dólar tem sido fundamental para manter baixas as taxas de juros nos Estados Unidos e permite ao país exercer influência no comércio internacional.
- A queda recente do dólar representa a menor cotação em três anos.
- Investidores temem que a moeda não retorne rapidamente à sua posição anterior.
- Os benefícios de uma moeda forte para governos, consumidores e empresas nortearam o crescimento econômico americano.
Historicamente, a predominância do dólar no comércio global trouxe vantagens significativas, permitindo que os EUA, por exemplo, impusessem sanções econômicas a países como Venezuela, Irã e Rússia. No entanto, essa “vantagem exorbitante” enfrenta riscos crescentes. As incertezas resultantes da implementação das tarifas e a imprevisibilidade nas decisões do governo americano tornam o ambiente econômico mais instável, o que poderá afetar ainda mais a confiança dos investidores.
Embora algumas análises sugiram que a atual fraqueza do dólar possa ser atribuída às expectativas de inflação decorrentes das tarifas, o economista Steve Ricchiuto, da Mizuho Financial, pondera que, mesmo diante dessa incerteza, os investidores ainda dependem da moeda americana, uma vez que alternativas como o yuan, bitcoin ou ouro não possuem a mesma liquidez ou confiança no mercado global.
O cenário econômico, portanto, é de vigilância, com a necessidade de observar como as políticas de comércio e a percepção global em relação aos Estados Unidos se desdobrarão nos próximos meses. Os efeitos na economia americana e sobre a posição do dólar como moeda de reserva devem continuar sendo objeto de discussão entre especialistas e investidores.