O diretor do Federal Reserve (Fed), Stephen Miran, expressou preocupação com a atual postura do banco central dos Estados Unidos, que considera excessivamente restritiva. Em entrevista à Bloomberg TV nesta segunda-feira, 3 de outubro, Miran enfatizou que essa abordagem prolongada pode aumentar o risco de uma recessão. “O Fed é muito restritivo. Quanto mais tempo essa política persistir, maior é o risco de recessão”, afirmou.
Para ele, a política monetária deve ser conduzida de forma mais prospectiva, em vez de depender excessivamente de dados passados. “Basear-se apenas nos dados torna a política muito retroativa. O ideal é orientar as decisões segundo as projeções”, argumentou.
Miran também indicou que estará defendendo um corte de 50 pontos-base na taxa de juros para a próxima reunião, dependendo da confirmação de suas previsões. No entanto, evitou comprometer-se com um voto dissidente em dezembro, destacando que “as condições podem mudar”.
O diretor criticou ainda avaliações que se fundamentam unicamente nas condições financeiras, alertando que isso pode levar a conclusões errôneas sobre a política monetária. “O crédito privado sugere que condições apertadas podem estar mascaradas”, acrescentou.
Ele observou que mudanças na taxa neutra geram um aperto passivo da política monetária, mesmo com os cortes já implementados pelo Fed. Segundo Miran, a instituição “poderia alcançar a neutralidade com uma série de cortes de 50 pontos-base, mas não são necessários cortes de 75 pontos-base, pois a economia não apresenta disfunções”.
Miran também mencionou que, embora dados alternativos sobre inflação possam não ser tão relevantes, indicativos do mercado de trabalho já apontam para uma desaceleração.



