O ambiente econômico brasileiro, marcado por juros altos e incertezas globais, tem apresentado desafios para investidores. No entanto, alguns fundos imobiliários (FIIs) têm se destacado pela distribuição de dividendos expressivos. Segundo um relatório da Grana Capital, os FIIs analisados distribuíram até 46,18% em dividendos ao longo dos 12 meses que terminaram no final do primeiro trimestre de 2023. A análise abrangeu 211 fundos, envolvendo tanto os que integram o Ifix quanto aqueles fora do índice.
Em 2025, o Ifix conseguiu uma valorização de 7,50%, recuperando perdas ocorridas no final de 2024 e no início de 2023, em meio à deterioração das expectativas de inflação e ao aumento das preocupações com as taxas de juros.
Os FIIs que mais pagaram dividendos
O fundo que obteve o melhor desempenho quanto à distribuição de dividendos foi o Brio Real Estate III (BRIP11), gerido pela Brio Investimentos, que apresentou um dividend yield (DY) de 46,18%, totalizando R$ 374,07 por cota. Apesar desse desempenho, o fundo teve uma queda de 17,93% no valor das cotas, impactando o retorno total aos investidores. Criado em outubro de 2020, o BRIP11 está em fase de desinvestimento, com término previsto para outubro de 2026.
Outro fundo relevante na lista é o Brio Real Estate II (BRIM11), também em processo de desinvestimento, com um DY de 36,86% e previsão de encerramento para 23 de julho de 2023. Cezar Antonio Gonçalves Filho, especialista da WIT Invest, recomenda cautela na alocação em fundos em fase de desinvestimento, uma vez que a devolução de capital é feita por meio de amortizações, que estão sujeitas à tributação.
O **Polo Recebíveis Imobiliários (PLRI11)**, administrado pela Oliveira Trust, ocupa a terceira posição, com um DY de **35,99%** e pagamentos de **R$ 5,76** por cota. O Hectare CE (HCTR11), gerido pela Hectare Capital, figura entre os dez maiores pagadores com um DY de **21,31%** e distribuição de **R$ 4,39** por cota.
Lista dos 10 FIIs que mais pagaram dividendos
Ticker | Dividendos por cota de FII (em R$) | DY 12 meses |
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BRIP11 | 374,07 | 46,18% |
BRIM11 | 230,76 | 36,86% |
PLRI11 | 5,76 | 35,99% |
RBLG11 | 11,60 | 23,67% |
BNFS11 | 16,50 | 23,37% |
MAXR11 | 14,49 | 21,96% |
HCTR11 | 4,39 | 21,31% |
URPR11 | 12,21 | 19,95% |
DEVA11 | 5,76 | 19,20% |
LIFE11 | 1,72 | 19,08% |
Expectativas para o mercado de FIIs até 2025
De acordo com Gonçalves Filho, o mercado de fundos imobiliários tende a apresentar um comportamento lateral em 2025, influenciado por altas taxas de juros e as expectativas em torno das próximas eleições. No entanto, uma evolução positiva no cenário fiscal pode impulsionar as cotas a partir de 2026.
Em relação à distribuição de dividendos, Gonçalves Filho ressaltou que muitos fundos estão sendo negociados a preços descontados, permitindo a formação de carteiras que podem oferecer 1% de dividendo líquido ao mês. Embora esses descontos estejam diminuindo, ele enfatiza que ainda existem oportunidades significativas no mercado secundário.
Fundos imobiliários do tipo FoF (fundos de fundos) têm sido mencionados como uma alternativa interessante, com descontos de até 20%. Bruno Nardo, sócio e gestor multiestratégia da RBR Asset, destacou em uma recente entrevista que essa estratégia é vantajosa para investidores com uma visão de longo prazo que buscam uma gestão ativa e dinâmica.