A China reafirmou, nesta segunda-feira, 28 de agosto, que não está em negociações com os Estados Unidos sobre tarifas comerciais. Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, declarou que “não houve ligação recente” entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente americano, Donald Trump, contradizendo as afirmações de Trump em entrevista à revista Time.
Guo afirmou: “Gostaria de reiterar que China e EUA não realizaram consultas ou negociações sobre a questão tarifária.” A declaração ocorre em resposta a comentários de Trump, que havia mencionado ter conversado com Xi e que discussões estavam em andamento, incluindo durante sua recente viagem a Roma para o funeral do Papa Francisco. O governo chinês, no entanto, mantém que não existem diálogos formais em curso.
A crescente tensão sobre as tarifas comerciais foi acentuada após os EUA aumentarem as taxas sobre produtos chineses para 145% no início de abril. Em resposta, Pequim implementou suas próprias medidas e condiciona qualquer retomada de negociações ao término das tarifas unilaterais.
Apesar das claras negações de Pequim, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, indicou no domingo, 27 de agosto, que há “um caminho” para um possível acordo. Ele ressaltou que, embora tenha havido interações com autoridades chinesas durante reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, estas se concentraram na estabilidade financeira e em questões econômicas globais, sem abordar as tarifas.
Bessent sugeriu que a China poderia estar comunicando mensagens diferentes para seu público interno, e elogiou a abordagem do governo americano de manter a imprevisibilidade nas negociações: “Ninguém é melhor em criar essa alavancagem do que o presidente Trump”, afirmou em entrevista à ABC News.
Enquanto isso, os impactos da guerra comercial já são visíveis na economia americana. Segundo a Bloomberg, a empresa de e-commerce Shein aumentou os preços de alguns produtos em até 377% nos EUA, como uma antecipação às novas tarifas. Trump continua a defender as tarifas como vantagens para a economia do país, prometendo cortes de impostos para indivíduos que ganham menos de US$ 200 mil anuais e incentivos à criação de empregos. A secretária da Agricultura, Brooke Rollins, ressaltou que o governo está preparado para apoiar agricultores afetados, conforme ocorreu em seu primeiro mandato.