Em 2024, a proporção de brasileiros investindo em produtos financeiros se manteve em 37%, igual ao percentual de 2023. Esse índice representa mais de 59 milhões de brasileiros ativos no mercado financeiro, embora 32 milhões apenas economizem sem investir. Os dados são da pesquisa Raio-X do Investidor, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em colaboração com o Datafolha, divulgada nesta terça-feira, 29 de outubro de 2024.
A pesquisa revela ainda que 33% da população conseguiu economizar ao longo de 2024, representando um aumento de três pontos percentuais em relação ao ano anterior, ou seja, cerca de 5 milhões de pessoas adicionais. Apesar do aumento na capacidade de poupança, muitos ainda não direcionam esses recursos para investimentos que podem gerar rendimento.
Destinos das Economias
Conforme o levantamento, a maior parte das economias é direcionada para diferentes fins. Entre os entrevistados, 21% mantém seu dinheiro guardado em conta-corrente ou em outras formas de reserva. Outros 8% investem na compra de imóveis, 6% em reformas ou construções, 6% na aquisição de veículos, enquanto 4% alocam em viagens, manutenção de negócios e gastos com saúde.
A pesquisa também destaca que a classe social influencia a disposição para investir: 50% das pessoas das classes A e B aplicam suas economias em produtos financeiros, enquanto o percentual cai para 34% na classe C e 23% entre as classes D e E.
Cortes de Gastos para Economizar
Entre as estratégias adotadas para economizar, 45% dos entrevistados afirmaram estar cortando gastos com lazer, viagens e transporte, enquanto 25% estão reduzindo compras supérfluas. Outras táticas incluem guardar uma parte do salário mensal (18%), cortar despesas desnecessárias (17%) e buscar aumentar a carga horária de trabalho (11%).
Poupança em Queda, mas Ainda Popular
Apesar da queda na rentabilidade da poupança, ela continua sendo a opção preferida dos brasileiros para guardar dinheiro, representando 23% das aplicações financeiras em 2024, uma queda em relação aos 25%% do ano anterior. Títulos privados correspondem a 6%, seguidos por fundos de investimento com 5% e moedas digitais a 4%.
Entre os investidores, 64% ainda utiliza a poupança, enquanto 17% investe em títulos privados e 15% em fundos de investimento. A segurança (24%), a facilidade de investimento (20%) e a reputação da marca (19%) são os principais motivos que justificam a escolha pela poupança.
Retorno Financeiro Atrai Investidores
Para aqueles que exploram alternativas além da poupança, o retorno financeiro destacado como o principal motivador. Atrações incluem moedas estrangeiras (68%), ações (59%), títulos públicos (50%) e moedas digitais (51%). A segurança é o segundo fator mais importante, e a facilidade de aplicação também se destaca como um critério relevante em todas as categorias.
Reservas para Aposentadoria
A pesquisa revelou que 82% dos entrevistados não estão fazendo reservas para a aposentadoria. Entre os que não investem, um terço afirma não ter intenção de economizar para o futuro. Quase metade (49%) dos não aposentados acredita que sua principal fonte de renda na velhice não virá da Previdência Social, em contraste com 88% dos aposentados que dependem dessa fonte de sustento.
Perfil do Investidor
A 8ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro abrange a população com 16 anos ou mais, totalizando cerca de 160 milhões de pessoas. Destes, 72% são economicamente ativos e 85,3% possuem algum tipo de renda, com média de idade em 43 anos. A maior parte dos investidores encontra-se na classe C (46%), seguida pelas classes A/B (38%) e D/E (16%).
Para 2025, as expectativas indicam que mais 4 milhões de brasileiros devem iniciar investimentos, potencialmente aumentando a proporção de investidores para 39%. Isso ocorre após a expectativa anterior de crescimento de 4% em novos investidores não se concretizar, uma situação que pode estar ligada aos juros elevados e ao impacto no custo de vida das famílias.