Uma pesquisa realizada pela Serasa em conjunto com o Instituto Opinion Box revelou uma preocupação crescente nas relações conjugais: 53% dos 1.120 entrevistados em todo o Brasil citaram conflitos financeiros como a principal fonte de desavenças. O levantamento, realizado em maio de 2025, também indicou que 35% dos participantes associaram esses problemas a decisões financeiras impulsivas.
Adicionalmente, os dados mostram que 49% dos casais já ocultaram questões financeiras de seus parceiros, e 45% contraíram dívidas durante o relacionamento que perduraram após a separação. A planejadora financeira Nayra Sombra destaca que esses números refletem a falta de uma comunicação aberta e estruturada sobre finanças.
“Muitos casais evitam discussões sobre dívidas, histórico de crédito e hábitos de consumo, o que frequentemente resulta em surpresas indesejadas”, afirma Sombra. Ela ressalta que a falta de clareza pode transformar imprevistos, como desemprego ou despesas médicas inesperadas, em fontes de desconfiança e conflitos.
O Impacto da Comunicação nas Finanças
Especialistas apontam que os atritos financeiros também estão ligados à maneira como os casais se comunicam sobre dinheiro. Segundo Paula Bazzo, outra planejadora financeira, muitos parceiros buscam ajuda não porque desejam se separar, mas porque enfrentam dificuldades para dialogar sem julgamentos.
“As discussões geralmente começam na defensiva, dificultando a possibilidade de encontrar soluções conjuntas”, explica Bazzo. Ela menciona o caso de um casal que, durante uma transição de carreira, se deparou com a relutância de um dos parceiros em abordar questões financeiras, ressaltando a contradição entre a busca por resolução e o medo do julgamento.
Dados sobre Conflitos Financeiros em Casamentos
- 53% dos casais afirmam que o dinheiro é a principal causa de brigas;
- 35% relacionam os problemas a decisões financeiras impulsivas;
- 49% já esconderam dívidas ou questões financeiras do parceiro;
- 45% contraíram dívidas em função do relacionamento, que perduraram após a separação;
- 77,6% das famílias brasileiras estão endividadas, o maior índice desde 2022.
Fonte: Serasa/Opinion Box (maio de 2025) e CNC (abril de 2025).
Deficiência no Propósito Financeiro
Outro ponto crítico levantado por Paula Bazzo é a falta de um propósito claro para o uso do dinheiro no casamento. Para ela, muitos casais enxergam o planejamento financeiro apenas como controle de gastos, ao invés de uma estratégia que abranja sonhos, proteção contra riscos e construção de patrimônio. A ausência dessa visão pode transformar o dinheiro em um vilão na relação, gerando desgaste.
“O planejamento financeiro envolve mais do que apenas controlar despesas; é necessário definir para onde se está indo e como o dinheiro está sendo utilizado para que a vida faça sentido”, afirma. Ela observa que muitos casais ainda estão focados apenas em quitar contas, sem avaliar se essas despesas resultam em conquistas significativas.
Bazzo conclui que um planejamento financeiro efetivo deve também contemplar objetivos a longo prazo, como a aposentadoria e a segurança dos filhos, além da realização de sonhos, como viagens ou aquisição de imóveis.