LONDRES (Reuters) – A dívida global alcançou o patamar histórico de US$ 337,7 trilhões ao final do segundo trimestre de 2023. Esse crescimento foi impulsionado pela flexibilização das condições financeiras globais, pela desvalorização do dólar e pela política monetária mais acomodatícia dos principais bancos centrais, conforme indicado em um relatório trimestral divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF).
De acordo com o IIF, a dívida aumentou em mais de US$ 21 trilhões apenas no primeiro semestre deste ano. Dentre os países que destacaram-se nos aumentos de dívida em dólares estão China, França, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão, sendo que parte desse crescimento é atribuída à desvalorização do dólar.
Aumento Similar ao Período da Pandemia
O IIF comparou esse aumento à elevação observada no segundo semestre de 2020, quando as iniciativas governamentais para combater a pandemia resultaram em um crescimento sem precedentes da dívida global.
O relatório também avaliou a relação dívida/PIB, que reflete a capacidade de um país de gerenciar sua dívida em relação à produção econômica. Países como Canadá, China, Arábia Saudita e Polônia registraram os maiores aumentos na relação. Por outro lado, Irlanda, Japão e Noruega assistiram a uma diminuição nesse indicador.
No globo, a relação dívida/produto global permaneceu estável em pouco acima de 324%, enquanto nos mercados emergentes esse índice alcançou 242,4%, marcando um novo recorde, após uma revisão para baixo no relatório anterior, publicado em maio.
A dívida total nos mercados emergentes cresceu US$ 3,4 trilhões no segundo trimestre, totalizando mais de US$ 109 trilhões.
Pressão no Mercado de Títulos
Os mercados emergentes enfrentam uma previsão de resgates recordes que podem chegar a quase US$ 3,2 trilhões em títulos e empréstimos até o final de 2025, segundo o IIF. O Instituto alertou sobre possíveis tensões fiscais em países como Japão, Alemanha e França, enfatizando a necessidade de cautela entre os investidores que monitoram a saúde financeira desses governos.
“Apesar do aumento significativo do índice de dívida pública nos mercados emergentes no primeiro semestre, especialmente no Chile e na China, a resposta do mercado tem sido mais intensa nos países desenvolvidos neste ano”, acrescentou o IIF.
Dívida de Curto Prazo em Foco
O relatório também trouxe à tona preocupações em relação à dívida dos Estados Unidos, destacando que os empréstimos de curto prazo representam atualmente cerca de 20% da dívida total do governo e aproximadamente 80% das emissões do Tesouro. Essa tendência pode aumentar a pressão sobre os bancos centrais para manter as taxas de juros em níveis baixos, o que pode impactar a independência da política monetária.
(Reportagem de Canan Sevgili)