O Banco do Brasil (BBAS3) atravessa em 2025 um de seus períodos mais desafiadores, de acordo com os executivos da empresa, que discutiram a situação em recente reunião em Nova York. O principal fator de preocupação é o aumento da inadimplência, especialmente no setor agrícola, que chegou a 3,49% ao final de junho, em comparação com 1,32% no mesmo período de 2024. Esse incremento é atribuído a condições climáticas adversas, como as intensas chuvas no Sul e a seca no Nordeste, que impactaram as lavouras.
Esse quadro tem repercussões diretas nas expectativas de lucro e na distribuição de dividendos até o final de 2025. Os 1.292.918 investidores do banco, o maior número de acionistas na bolsa brasileira, permanecem atentos a essas mudanças, especialmente em relação à rentabilidade.
O XP Research revisou sua projeção para o lucro líquido do Banco do Brasil, prevendo R$ 20,6 bilhões em 2025 — uma redução de 45% em relação aos R$ 37,9 bilhões esperados para 2024. O retorno sobre patrimônio (ROE) deverá ser em torno de 11%, próximo ao custo de capital próprio. Em virtude das novas condições, o Banco do Brasil anunciou uma diminuição na distribuição de dividendos de um payout que variava entre 40% e 45% para 30%.
Para o ano de 2025, a estimativa de dividend yield (DY) do Banco do Brasil é de 4,8%, segundo a XP. Isso significa que um investimento de R$ 10 mil poderia gerar R$ 480 em dividendos brutos. Os dividendos são isentos de imposto de renda, enquanto os juros sobre capital próprio estão sujeitos a uma alíquota de 15%. Na comparação, os dividend yields de outros bancos como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) são, respectivamente, 7,6%, 8% e 8%.
Em relação ao potencial de valorização das ações do Banco do Brasil, as principais casas de análise mantêm uma perspectiva cautelosa. O BTG Pactual define uma recomendação neutra com preço-alvo de R$ 23; já o Genial Investimentos também vê um preço-alvo de R$ 22. A XP mantém uma abordagem semelhante, com alvo de R$ 25. De acordo com análises, o Banco do Brasil deve enfrentar um cenário de riscos assimétricos, resultando em uma recuperação lenta e incerta.
No entanto, o Citi destacou oportunidades ao elevar sua recomendação de neutra para compra, definindo um preço-alvo de R$ 29. O banco acredita que medidas recentes do governo, incluindo a Medida Provisória 1314, podem melhorar o cenário ao permitir um crédito extraordinário de R$ 12 bilhões para produtores rurais impactados por fenômenos climáticos.
A Medida Provisória, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, libera recursos financeiros que podem aliviar o custo de risco para o setor rural até 2026.