A fabricante de calçados Grendene divulgou os resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre deste ano. O lucro líquido foi de R$ 138,5 milhões, representando uma queda de 38% em comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar dessa diminuição no lucro, a receita líquida totalizou R$ 760,1 milhões, um aumento de 1,4% em relação ao ano anterior.
Alceu Albuquerque, diretor financeiro da Grendene, comentou que o ambiente econômico no Brasil continua desafiador. Ele ressaltou que 80% dos produtos da empresa são voltados para a população de baixa renda, que enfrenta altos níveis de endividamento. Além disso, a inflação dos alimentos permanece elevada, o que dificulta ainda mais o poder de compra desse público.
A competição no mercado também se intensificou. Albuquerque destacou que concorrentes domésticos estão baixando os preços e que as importações cresceram 30%, criando um cenário ainda mais difícil para as empresas brasileiras.
Um ponto positivo nos resultados da Grendene veio das exportações, que aumentaram 86,1%, alcançando R$ 253 milhões em faturamento. O volume de calçados exportados subiu 17,1%, totalizando mais de 7,3 milhões de pares. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelas operações da distribuidora GGB Ventures na China e nos Estados Unidos, mesmo diante das dificuldades impostas por tarifas elevadas.
Por outro lado, a receita no mercado interno caiu 2,4%, totalizando R$ 771,3 milhões. Na prática, foram vendidos cerca de 29 mil pares a menos, resultando em uma diminuição de 15,3% nas vendas. Um destaque positivo foi a marca Melissa, que conseguiu aumentar sua receita bruta por par em 15,1% em relação ao ano passado, devido a investimentos em desenvolvimento de produto.
No total, considerando as vendas internas e exportações, a Grendene registrou uma queda de 10,2% no volume de pares vendidos em comparação ao terceiro trimestre do ano anterior. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 100,3 milhões, mostrando uma queda de 39,8%. A margem Ebitda também caiu, caindo nove pontos percentuais para 13,2%.
Em termos recorrentes, o Ebitda teve uma redução de 20,7% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 142,5 milhões, com a margem Ebitda caindo 3,8 pontos percentuais, ficando em 20,2%. Esses resultados refletem as dificuldades enfrentadas pela empresa em um mercado competitivo e em um cenário econômico desafiador.



