A inflação ao consumidor na Índia desacelerou para 0,25% em outubro de 2023. Esse resultado fortalece a expectativa de que o Banco Central da Índia possa adotar políticas mais flexíveis em relação às taxas de juros. O índice de inflação ficou abaixo da projeção de 0,48%, feita em uma pesquisa com economistas, e também foi menor que os 1,54% registrados em setembro.
Em outubro, o Banco Central revisou sua previsão de inflação para 2,6%, uma redução em relação aos 3,1% esperados para o ano fiscal que termina em março de 2026. Apesar da queda nas taxas de inflação, a taxa de juros básica foi mantida em 5%, conforme anunciado pelo governador do banco, Sanjay Malhotra. Ele mencionou que os efeitos da significativa redução de 50 pontos-base na taxa de juros realizada em junho ainda não se manifestaram plenamente na economia.
A diminuição na inflação geral e na inflação dos alimentos em outubro é atribuída a fatores como a queda no Imposto sobre Bens e Serviços (GST), à base de comparação favorável de meses anteriores e à diminuição nos preços de óleos e gorduras, vegetais, frutas, ovos, calçados, cereais e produtos de transporte e comunicação.
Entretanto, o Banco Central também alertou que a economia indiana pode enfrentar uma desaceleração no crescimento na segunda metade do ano fiscal de 2026, em virtude de incertezas no comércio global. A economista Anubhuti Sahay, da Standard Chartered, previu que a inflação deve subir no próximo ano, podendo atingir cerca de 4% para o ano fiscal de 2026. Ela afirmou que o Banco Central pode optar por não cortar juros em dezembro, já que o crescimento econômico permanece estável e os efeitos dos cortes anteriores ainda estão sendo sentidos.
Em um contexto mais amplo, em agosto, os Estados Unidos impuseram uma tarifa adicional de 25% sobre as importações da Índia, elevando o total para até 50%, tornando-se uma das alíquotas mais altas aplicadas pelo governo americano a seus parceiros comerciais. As indústrias de têxteis, joias e produtos marítimos foram as mais afetadas. Embora as exportações para os EUA representem cerca de 2% do PIB da Índia, esses setores são intensivos em mão de obra, e uma fraqueza prolongada pode resultar em perda de empregos e afetar o crescimento geral.
Para mitigar os impactos, o governo indiano reduziu o GST em vários produtos no dia 22 de setembro, com o intuito de incentivar a demanda interna durante o período festivo de um mês, diminuindo os preços de bens de consumo, veículos e produtos agrícolas.
O setor automotivo e o de joias têm mostrado um bom desempenho, enquanto a recuperação na demanda por calçados, tintas, bens de consumo de rápido movimento e têxteis apresenta resultados mistos, segundo um relatório de pesquisa elaborado pela corretora indiana Motilal Oswal, divulgado em 7 de novembro.



