A situação financeira dos produtores rurais do Brasil registrou um agravamento significativo no terceiro trimestre de 2025. De acordo com dados da Serasa Experian, o número de pedidos de recuperação judicial aumentou 147,2% em comparação ao mesmo período de 2024, totalizando 628 requerimentos. Este é o maior registro desde 2021, ano em que começou a série histórica da instituição. Embora o total de pedidos em 2025 já estivesse superando os números de 2024, a situação se deteriorou no último trimestre, após uma alta de 31,7% no segundo trimestre em relação ao ano anterior.
Desafios na Agricultura
Marcelo Pimenta, responsável pelo agronegócio na Serasa Experian, classifica o atual cenário como “desafiador”. Ele destaca que muitos produtores têm enfrentado dificuldades financeiras por prolongar dívidas sem realizar os ajustes necessários, como redução de custos e revisão de patrimônio. Essa falta de planejamento e a continuidade de expansões inadequadas têm agravado a situação.
Apesar de o Brasil ter colhido uma safra recorde de grãos em 2025 e perspectivas positivas para a temporada 2025/2026, as condições do mercado não são favoráveis. As cotações de grãos estão em queda, enquanto os custos de insumos e juros têm aumentado, pressionando as margens de lucro dos produtores desde a safra passada. Isso tem gerado um acúmulo de desajustes financeiros no setor.
Aumento dos Pedidos de Recuperação Judicial
Dados do monitoramento da Serasa Experian indicam que a maioria dos pedidos de recuperação judicial se concentrou entre produtores rurais do setor familiar e arrendatários, que totalizaram 255 requisições, um aumento de 140% em relação ao terceiro trimestre de 2024. Entre os tipos de produtores, os arrendatários foram responsáveis por uma maioria significativa, com 84 pedidos registrados, seguidos por grandes proprietários (69), pequenos produtores (58) e médios agricultores (44).
As empresas agrícolas também enfrentaram dificuldades, somando 242 pedidos de recuperação judicial no terceiro trimestre, um aumento de 163% em relação ao período anterior. Além disso, outros integrantes da cadeia do agronegócio, como fornecedores e prestadores de serviços, apresentaram 131 pedidos, um aumento de 134% em relação ao ano anterior.
O segmento que mais procurou a recuperação judicial foi o de comércio atacadista de produtos agropecuários primários, com 31 registros. Em seguida, a indústria de processamento de agroderivados, que inclui produtos como óleo, farelo de soja e laticínios, somou 27 solicitações. A agroindústria da transformação primária registrou 25 requerimentos.



