A véspera de Natal de 2025 movimenta o comércio brasileiro, com consumidores em busca de presentes de última hora e itens essenciais para a ceia. Em um cenário de pleno emprego e com o dólar mais favorável do que no ano anterior, os brasileiros estão dispostos a gastar um pouco mais nas compras de fim de ano. No entanto, a cautela é uma constante, impulsionada pelas taxas de juros elevadas e pelo aumento da inadimplência. Para este ano, estima-se um crescimento de 2,1% nas vendas em comparação a 2024.
A aposentada Celma Borges, de 62 anos, aproveitou a manhã desta quarta-feira para finalizar suas compras no Polo Saara, um tradicional centro de compras no Rio de Janeiro. Embora tenha mais recursos para investir, ela optou por distribuir lembrancinhas entre seus filhos, marido e sete netos.
“Em relação ao ano passado, consegui gastar mais em lembranças. Os preços estão melhores”, afirmou.
Já Joice Batista, técnica em saúde bucal de 43 anos, decidiu encomendar pijamas combinando para a ceia de Natal com sua família. Ela foi ao Saara para retirar as encomendas e adquirir calçados, totalizando gastos em torno de R$ 500.
“Acho que este ano podemos gastar mais. Separei cerca de R$ 500 para isso”, disse Joice, apresentando as roupas customizadas.
Expectativa de Vendas para o Natal de 2025
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta que o volume de vendas neste Natal alcançará R$ 72,71 bilhões, um crescimento de 2,1% em relação ao ano anterior. Se a previsão se confirmar, será o melhor desempenho natalino para o comércio desde 2014, ano em que o varejo movimentou R$ 77,26 bilhões. Nos shoppings, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) estime um aumento de 1% no fluxo de visitantes e de 5% nas vendas em comparação a 2024.
O Shopping Nova América estima receber mais de um milhão de pessoas entre os dias 10 e 24 de dezembro, com o fluxo mais intenso até o dia 23. A expectativa é de um aumento de 7% em relação à primeira semana de dezembro e de 24% comparado à média diária de novembro.
No Shopping Leblon, a projeção era receber mais de 30 mil pessoas na véspera de Natal, apesar do horário reduzido. Entre 19 e 23 de dezembro, mais de 200 mil visitantes passaram por suas instalações.
“Não há dúvida de que o balanço deste Natal é positivo, tanto em fluxo de clientes quanto em volume de vendas em relação ao mesmo período de 2024”, afirmou Rodrigo Lovatti, superintendente do Shopping Leblon.
Na Sapatella do Saara, a gerente Nathalia Caetano relatou um aumento no movimento, com faturamento normalmente entre R$ 7 mil e R$ 10 mil por dia, que dobrou durante a temporada natalina.
Comportamento do Consumidor
Embora o cenário seja otimista, o consumidor permanece cauteloso. Segundo dados da Serasa, o número de inadimplentes ultrapassou 80 milhões em novembro. Além disso, a taxa básica de juros, conhecida como Selic, está em 15%, o que afeta os hábitos de consumo, conforme destaca Fábio Bentes, economista-chefe da CNC.
“O consumidor está mais cauteloso devido à alta da taxa de juros. Para este Natal, espera-se um aumento nas vendas de alimentos e vestuário, especialmente nas lembranças tradicionais, além de um maior consumo de produtos importados”, explica.
Na Região Metropolitana do Rio, uma pesquisa realizada pelo IFec RJ, vinculado à Fecomércio-RJ, revelou que 62,1% dos 921 entrevistados pretendem presentear alguém neste Natal, um leve aumento em relação aos 61% do ano anterior. Contudo, o gasto médio por consumidor caiu de R$ 312, em 2024, para R$ 293 neste ano, influenciado pelas vendas aquecidas da Black Friday.
Verônica Baptista, gerente da Empório Gourmet no Cadeg, observou uma diminuição no ticket médio, mas um aumento no volume de vendas. “Os clientes estão mais atentos aos preços, o que levou a loja a reforçar o clube de vantagens e investir em promoções”, disse.
Em busca de manter tradições, o casal Rafaela e Leonardo Fortunato foi ao Cadeg comprar lascas de bacalhau. Eles afirmaram que o planejamento ajudou a equilibrar os custos típicos da temporada.
“O preço está praticamente o mesmo do ano anterior. Sempre nos preparamos para este período, mas nossas rotinas este ano foram desafiadoras”, comentou Rafaela.
Por outro lado, a designer Thais Sobrinho, de 30 anos, e sua mãe, Tânia Sobrinho, de 64 anos, deixaram para a última hora as compras de flores e frutas para a ceia de Natal. “Este ano, está mais tranquilo para organizar a ceia e não foi necessário reduzir as porções”, finalizou Tânia.



