As ações da Ambipar (AMBP3) sofreram uma queda acentuada superior a 30% nesta segunda-feira, 6 de novembro. O declínio ocorreu após a empresa prestar esclarecimentos à Justiça do Rio de Janeiro em relação a um processo que busca manter uma decisão cautelar. Esta decisão impede que bancos credores tomem medidas que a Ambipar acredita serem capazes de inviabilizar suas operações. Às 12h39, os papéis estavam cotados a R$ 0,97, acumulando uma queda superior a 92% no último mês.
Em nota, a Ambipar expressou sua confiança de que a Justiça irá manter a decisão cautelar até que seja apresentado um pedido formal de recuperação judicial. A empresa destacou a importância dessa medida para a preservação da companhia, dos empregos, dos contratos ambientais e de sua contribuição econômica ao Brasil.
Além disso, o mercado foi impactado por informações sobre um encontro do ex-CFO da empresa, João Daniel Pirran de Arruda, com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que gerou ainda mais incertezas sobre a situação fiscal da Ambipar.
Arruda compareceu à audiência acompanhado de dois escritórios de advocacia: Vieira Rezende Advogados, que defendeu o ex-CEO da Americanas (AMER3), Miguel Gutierrez, e David Rechulski Advogados, conhecido por sua atuação na defesa da Braskem durante as investigações sobre a tragédia ambiental em Maceió.
Crise da Ambipar
Na sexta-feira, 3 de novembro, as ações da Ambipar já haviam enfrentado uma queda de 54%, totalizando uma perda de 90% em apenas um mês. A empresa agora considera solicitar recuperação judicial no Brasil e nos Estados Unidos, uma vez que parte significativa de suas dívidas está concentrada fora do país.
A crise da Ambipar teve início com mudanças em um contrato de empréstimo de US$ 35 milhões (aproximadamente R$ 186 milhões) firmado com o Deutsche Bank em 18 de setembro. Segundo informações, um aditivo contratual negociado por um executivo da empresa teria desestabilizado suas finanças.
Além disso, credores questionam o paradeiro dos R$ 4,7 bilhões reportados no último balanço, já que, até o momento, apenas cerca de R$ 430 milhões foram localizados. Informações sobre irregularidades relacionadas a um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) também complicam ainda mais a situação. A Ambipar afirma que uma parte significativa de seu caixa está investida nesse veículo, mas surgiram suspeitas de operações irregulares envolvendo partes associadas à companhia.
Com a deterioração de sua imagem junto ao mercado, a S&P Global Ratings rebaixou os ratings de crédito da Ambipar, tanto para emissor como para emissões, classificando-os como ‘D’ (default), em comparação ao anterior ‘BB-’.