O Bitcoin registrou um aumento significativo nesta terça-feira, 22 de agosto, superando a marca de US$ 90 mil pela primeira vez desde março. A criptomoeda acumula uma alta de 21% desde a mínima observada em abril, contrastando com a queda das ações norte-americanas e do dólar, o que sugere que o Bitcoin está sendo visto como uma alternativa segura em tempos de incerteza econômica.
No início da manhã, o BTC era cotado a US$ 90.282, com um crescimento superior a 3% no dia. Durante o mesmo período, o índice S&P 500 apresentou uma queda de 6%, enquanto o valor do dólar caiu 5%. O ouro, tradicionalmente considerado um ativo de proteção, subiu 9%, refletindo um desempenho alinhado com o do Bitcoin ao longo do mês.
Esse aumento no valor do Bitcoin ocorre em um contexto de crescente tensão política nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump tem pressionado o Federal Reserve por cortes imediatos nos juros e sugerido a destituição de Jerome Powell do cargo de presidente. Esse cenário instável incentivou os investidores a buscarem ativos mais resilientes às oscilações do mercado.
Um dos indicadores mais claros desse movimento foi a entrada líquida de US$ 381,4 milhões em ETFs de Bitcoin à vista nos EUA na segunda-feira, 21 de agosto, registrando o maior fluxo desde janeiro e marcando o quarto dia de aportes em cinco sessões. Especialistas apontam que este dado evidencia um aumento na demanda institucional por Bitcoin como uma reserva de valor.
Além disso, o Bitcoin tem se desvinculado do comportamento das bolsas de valores dos EUA. Tradicionalmente, em períodos de crise, a criptomoeda tende a se mover em parallelismo com o mercado acionário. No entanto, nos últimos 30 dias, a correlação entre o BTC e o S&P 500 caiu para 0,65—consideravelmente abaixo da média histórica de aproximadamente 1,0 em momentos de forte estresse, conforme análise da Compass Point.
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin está conseguindo romper uma faixa considerada resistente entre US$ 88 mil e US$ 89 mil, que inclui a média de preço dos últimos 200 dias, um indicador conhecido como “nuvem de Ichimoku” e a máxima de março. A analista Katie Stockton, da Fairlead Strategies, indica que a superação dessa região pode abrir caminho para um novo alvo: US$ 95.900.
Consolidação do Mercado
Apesar do recente avanço ocorrer com volumes de negociação menores, especialistas destacam a robustez do mercado. Segundo um relatório da gestora 21Shares, o Bitcoin está passando por um processo de consolidação, que reflete uma reorganização das forças e não representa um potencial teto de ciclo, como no final de 2021.
De acordo com a gestora, investidores de longo prazo estão voltando a adquirir Bitcoin após a correção de março, enquanto a liquidez global começa a aumentar novamente. Essa dinâmica pode criar um ambiente mais propício para uma nova onda de valorização.
Além disso, a 21Shares observa que, ao contrário de ciclos anteriores, o mercado tem demonstrado uma reação mais madura. Mesmo após quedas acentuadas no início do ano, o preço do Bitcoin se manteve em patamares superiores aos que foram observados antes das eleições nos EUA, indicando uma nova resiliência. Não houve grandes movimentos de pânico ou vendas em massa, como em períodos anteriores.
Por fim, outro aspecto que corrobora a expectativa de recuperação é a proximidade do Bitcoin de estabelecer um novo recorde de valorização em relação ao índice Nasdaq, que reúne as principais empresas de tecnologia dos EUA. A relação entre os dois ativos está em 4,96, próxima do recorde de 5,08, atingido quando o BTC alcançou US$ 109 mil em janeiro.