O Brasil é destacado como um vencendor relativo entre os mercados emergentes e globais, segundo um novo relatório da XP Research. Fernando Ferreira, estrategista-chefe e responsável pela área de análise da corretora, comenta que as ações brasileiras permanecem com valor descontado, o que traz oportunidades para investidores.
A equipe de Ferreira projeta que os papéis brasileiros devem se tornar ainda mais atrativos em um contexto de recuperação do cenário macroeconômico e a expectativa de que o ciclo de alta de juros esteja próximo do fim. Essa análise ganhou reforço durante um roadshow da corretora em Londres, onde a estimativa para o valor justo do Ibovespa foi revisada para 145 mil pontos, uma ligeira queda em relação aos 149 mil pontos anteriormente estimados.
O relatório ressalta que, apesar do aumento na volatilidade, o interesse no mercado brasileiro permanece. Em abril, a política comercial dos EUA passou por um novo capítulo, com a introdução de tarifas em 2 de abril, o que desencadeou um crescimento na volatilidade dos mercados globais e uma aversão ao risco, resultando em saídas de investidores estrangeiros no início do mês. Contudo, essas saídas foram revertidas ao longo de abril, levando à reavaliação dos investidores sobre os vencedores da guerra comercial, com a América Latina se mostrando mais protegida neste contexto. Assim, o Brasil continua sendo considerado um “vencedor relativo” entre os mercados emergentes.
No que diz respeito ao fluxo de investimentos, o país se beneficiaria, já que, no curto prazo, investidores globais estão rotacionando seus capitais. No longo prazo, há uma diversificação da base produtiva das multinacionais. O fortalecimento do real, com um dólar mais fraco, também favorece os mercados emergentes, uma visão que foi amplamente compartilhada pelos investidores durante o roadshow em Londres, que demonstraram otimismo em relação à bolsa brasileira.
Com a percepção de que as ações brasileiras se encontram descontadas, a análise da XP indica uma preferência por setores domésticos e aqueles sensíveis à taxa de juros, em detrimento de ações ligadas a commodities. Essa escolha se baseia no fato de que os papéis atrelados a commodities possuem maior exposição à incerteza econômica global. No entanto, a análise alerta que o cenário inflacionário no Brasil ainda não é ideal, e o principal risco para essa visão otimista reside na possibilidade de juros mais altos por um período prolongado.