Após um fechamento negativo de 61,48%, as ações da Ambipar (AMBP3) registram nova queda de 49,09% nesta sexta-feira, 3 de novembro de 2023, cotadas a R$ 1,40. A desvalorização é uma resposta ao clima de aversão ao risco entre os investidores, agravado pelo pedido recente da empresa de proteção contra credores, feito no final do mês passado. A sequência de eventos adversos, incluindo a saída do diretor financeiro e a liminar obtida contra credores, contribui para a falta de confiança no mercado.
A seguir, confira os principais aspectos da crise financeira da Ambipar.
Irregularidades em FIDC
A crise se intensificou com a revelação de supostas irregularidades em um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) que, segundo a companhia, é parte de seu caixa. Informações do site Pipeline indicam que entidades ligadas à Ambipar estariam atuando em operações financeiras de forma questionável, tanto como cessionárias quanto como prestadoras de crédito.
Pedido de Proteção Judicial
Em resposta às crescentes pressões dos credores, a Ambipar solicitou uma tutela cautelar, um instrumento legal que visa proteger a empresa de cobranças, evitando a ativação de cláusulas de vencimento antecipado, que poderiam resultar em uma dívida de mais de R$ 10 bilhões. A Justiça do Rio de Janeiro suspendeu as cobranças por 30 dias, com possibilidade de prorrogação.
De acordo com a XP Investimentos, esta medida não configura uma recuperação judicial imediata, mas serve como um passo preliminar para negociações com os credores.
Contestação de Credores
O Banco Sumitomo contestou a decisão judicial que beneficia a Ambipar, questionando tanto a necessidade da tutela quanto a escolha da jurisdição, já que o grupo detém significativa liquidez e a sede da holding é em São Paulo, onde operam a maior parte dos conselhos e receitas.
Reestruturação de Dívida
Enquanto isso, a Ambipar contratou a BR Partners para auxiliar no processo de reestruturação da dívida, seguindo tentativas anteriores sem sucesso com a Seneca Evercore. Um grupo de bondholders também se organiza para iniciar diálogos com a empresa em busca de soluções.
Possibilidade de Recuperação Judicial
Max Mustrangi, CEO da Excellance e especialista em reestruturação, considera iminente o pedido de recuperação judicial pela Ambipar. Ele destaca que as dívidas da empresa aumentaram substancialmente nos últimos anos, tornando cada vez mais difícil a possibilidade de reestruturação sem uma solicitação formal de proteção judicial.
A agência de classificações Fitch alerta que, caso a Ambipar formalize um plano de reestruturação, as classificações podem ser rebaixadas para ‘RD’ (inadimplência restrita) ou ‘D’ (default).
Rebaixamento de Notas de Crédito
Recentemente, a S&P Global Ratings também rebaixou os ratings de crédito da Ambipar para ‘D’, refletindo a gravidade da situação financeira da empresa.
Na análise da XP, o cenário atual requer cautela. Investidores que não possuem ações são aconselhados a se manter distantes, já que as perspectivas permanecem incertas. Para os acionistas, a decisão de vender ou manter as ações deve considerar o perfil de risco, com a possibilidade de perdas adicionais caso a empresa avance para recuperação judicial.