A advogada Tonia Galleti alertou a direção do INSS e o Ministério da Previdência Social sobre uma fraude que culminou na demissão do ministro Carlos Lupi (PDT). Galleti, que possui especialização em Direito Constitucional, é professora da FGV e ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). Em entrevista ao InfoMoney, ela confirmou que os alertas sobre o aumento de irregularidades no INSS foram feitos desde 2019.
Embora tenha havido reuniões e medidas implementadas, Galleti considera que essas ações foram insuficientes. “Não acredito que o ministro Lupi esteja envolvido em corrupção”, afirmou. Como coordenadora do departamento jurídico do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que foi alvo de fiscalização, Tonia expressou sua preocupação com a reputação de entidades sérias que atuam no setor. “As instituições que trabalham corretamente estão sendo colocadas no mesmo patamar que aquelas que não prestam serviços”, lamentou.
A advogada agora espera por soluções que permitam às entidades idôneas continuar seus trabalhos em defesa dos aposentados, com regras mais rigorosas e confiáveis. Tonia comentou a situação horas antes do anúncio da demissão de Carlos Lupi, e, embora não tenha se manifestado sobre a saída do ministro, reafirmou suas posições.
Durante a entrevista, Galleti discutiu a dimensão do problema das fraudes, mencionando o crescimento exagerado de associações que passaram a ter milhares de sócios em curto espaço de tempo. “Não é uma tarefa simples fazer sócios, e esse crescimento repentino indicava um problema”, afirmou.
Sobre os efeitos das denúncias que fez, Tonia destacou que “os prejuízos são incomensuráveis”, tanto para a imagem das instituições sérias quanto para os beneficiários, que podem perder acesso a serviços essenciais, como seguros de vida e funeral. Esses serviços são vitais para muitas famílias, já que aproximadamente 500 sócios falecem mensalmente.
Galleti acredita que a suspensão de descontos para entidades que atuam corretamente não será definitiva, argumentando que o Estado não pode obstruir o processo associativo. “Medidas duras dificultam o trabalho, mas não impedem quem faz isso honestamente”, enfatizou. Ela propôs que uma regulamentação mais rigorosa e uma revalidação dos serviços possam ser soluções viáveis para a crise atual.
As falas de Tonia Galleti revelam uma preocupação para que as instituições que agem de forma honesta possam seguir prestando seus serviços, ao mesmo tempo em que se busca um cenário de maior rigor contra as fraudes.