Três pessoas morreram devido à intoxicação por metanol (CH₃OH) após consumirem bebidas alcoólicas adulteradas em São Paulo. As vítimas incluem um homem de 38 anos e outro de 45, ambos em São Bernardo do Campo, além de um homem de 54 anos na capital paulista.
No estado de São Paulo, foram registrados nove casos de intoxicação em um período de 25 dias, relacionados ao consumo de diferentes tipos de bebidas, incluindo gin, whisky e vodka. O metanol é um tipo de álcool utilizado na indústria e em produtos como solventes e combustíveis, diferentemente do etanol, que é utilizado nas bebidas alcoólicas.
Assim que metabolizado pelo corpo, o metanol se decompõe em formaldeído, formiato e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos que causam danos a tecidos, especialmente ao nervo óptico e ao sistema nervoso central. A intoxicação pode levar a condições graves, como coma ou até morte, se não for tratada rapidamente.
Os sintomas de intoxicação alcoólica por metanol geralmente surgem entre 12 a 24 horas após a ingestão, mas podem aparecer antes em casos de alta quantidade consumida. Entre os sinais de alerta estão:
- Dor de cabeça
- Náuseas e vômitos
- Dor abdominal
- Confusão mental
- Visão turva ou cegueira repentina
A Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO) lançou um alerta sobre o risco de neuropatia óptica, uma condição grave que pode resultar em perda de visão irreversível. Em comunicado assinado pelo presidente, Mario Luiz Ribeiro Monteiro, e pelo vice-presidente, Eric Pinheiro de Andrade, a ABNO enfatiza que, apesar de um tratamento, muitos pacientes podem apresentar sequelas visuais permanentes.
O diagnóstico da intoxicação por metanol é realizado por meio da análise da história clínica do paciente e exames de sangue e imagem que confirmam a presença da substância. O tratamento deve ser iniciado imediatamente, visando bloquear a conversão do metanol em seus subprodutos tóxicos. A semelhança entre o metanol e o etanol dificulta a identificação da bebida perigosa.
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier em Campinas, destaca que as primeiras 48 horas após a intoxicação são críticas para salvar a visão e a vida do paciente. “Tratando-se de uma emergência médica e oftalmológica, a rapidez no atendimento pode significar a diferença entre a preservação da visão ou sequelas irreversíveis”, conclui o alerta da ABNO.