As taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto apresentaram queda na manhã desta quinta-feira, 9 de outubro. O movimento ocorreu após a rejeição da Medida Provisória 1.303 na Câmara dos Deputados e a divulgação de um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo do esperado para setembro.
Os papéis atrelados à inflação e os prefixados observaram uma diminuição significativa nas taxas logo no início das negociações. O Tesouro IPCA+ 2029 viu sua taxa cair de 8,05% para 7,98%, enquanto o IPCA+ 2050 reduziu de 7,06% para 7,02%. Nos títulos prefixados, as quedas foram ainda mais acentuadas: o Tesouro Prefixado 2028 recuou de 13,48% para 13,37%, e o Prefixado 2032 foi de 13,89% para 13,79%. Essas alterações refletem um ajuste nas expectativas em relação à inflação e ao prêmio de risco, em meio a um IPCA mais reduzido que o projetado e a percepção de que a derrota da MP 1.303, embora adie, não agrave a situação fiscal do governo.
A Medida Provisória 1.303, considerada crucial pela equipe econômica para compensar a perda de arrecadação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), foi retirada de pauta na noite de quarta-feira, 8 de outubro, impossibilitando sua tramitação. O impacto fiscal estimado da rejeição chega a R$ 46 bilhões até 2026.
Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, “diante desse cenário, é provável que o governo busque alternativas de arrecadação, incluindo medidas sobre a tributação de operações financeiras e a proposição de novos projetos de lei, como um corte linear de 10% em benefícios fiscais.” A administração pública estuda ainda alternativas infralegais para recompor parte da arrecadação, como um possível aumento do IOF a ser implementado por decreto, além do congelamento de até R$ 10 bilhões em emendas.
Por outro lado, interlocutores do Ministério da Fazenda indicam que o espaço para manobras fiscais é limitado e que eventuais novas medidas arrecadatórias deverão enfrentar resistências semelhantes àquelas que causaram a queda da MP 1.303.
Quanto ao índice de inflação, o IPCA registrou um aumento de 0,48% em setembro, superando a deflação de 0,11% observada em agosto, mas ficando abaixo da expectativa de 0,52%, de acordo com dados do IBGE. Essa surpresa positiva na inflação foi impulsionada principalmente pelos preços de alimentos e serviços, contribuindo para a contenção das taxas de longo prazo na curva de juros, mesmo diante das incertezas fiscais geradas pela derrota do governo no Congresso.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avaliou que “a mensagem enviada pelo IPCA de hoje foi estruturalmente benigna”, e adicionou que a projeção de inflação para 2025, que já era de 4,4%, ganha contornos mais otimistas.
Taxas dos títulos do Tesouro Direto às 9h29 de 9 de outubro: