O presidente da Vale S.A. (VALE3), Gustavo Pimenta, indicou que as operações da mineradora ainda não sofreram impactos significativos devido às tarifas recíprocas impostas pelo governo dos Estados Unidos. Durante a teleconferência sobre os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, realizada na sexta-feira (25), Pimenta ressaltou que a empresa continua a monitorar a situação econômica global e o desempenho do PIB, dado seu reflexo direto no setor de commodities.
“Até o momento, não detectamos qualquer impacto nas nossas operações ou resultados financeiros relacionados às tarifas. Estamos observando a situação, que é bastante volátil, além dos índices do PIB global, que influenciam o mercado de commodities”, declarou o CEO da Vale. Pimenta também destacou que o primeiro trimestre foi positivo para a companhia, embora tenha registrado uma queda de 17% no lucro líquido em comparação ao mesmo período do ano anterior, refletindo os desafios impostos por preços mais baixos do minério de ferro, que eclipsaram ganhos obtidos com aumento nas vendas e cortes de custos.
Rogério Nogueira, vice-presidente executivo de comercialização e desenvolvimento, comentou sobre a situação na China, observando um equilíbrio entre confiança e cautela. Apesar das incertezas atuais, a administração da Vale considera que não é o momento adequado para discutir a possibilidade de dividendos extraordinários, embora essa discussão possa ser revisitada no futuro. A empresa está atenta às flutuações de preços do minério de ferro, que poderiam resultar em uma redução nas compras de terceiros.
A administração enfatizou a importância da descarbonização para seus clientes na China, Coréia do Sul e Japão. “Nossos clientes estão focados na descarbonização, mesmo em meio a desafios globais. Isso é encorajador”, afirmou Pimenta.
Estimativas de Preço do Minério de Ferro
A Vale avaliou a estabilidade no mercado global de minério de ferro, com preços em torno de US$ 100 por tonelada. Marcelo Bacci, vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, explicou que essa faixa de preço é sustentada pela falta de crescimento expressivo na produção e no consumo global. Ele observou que a demanda chinesa, como maior consumidora mundial, continua robusta, impulsionada pelo setor industrial.
Bacci também destacou que, devido à eficiência da Vale como produtora de minério de baixo custo, a empresa estaria menos vulnerável a um potencial declínio no consumo, ao contrário de concorrentes menos competitivos. Na visão da Vale, um preço abaixo de US$ 90 por tonelada poderia significar a saída de uma parte significativa da produção do mercado.
Em meio à guerra comercial em curso, a Vale mantém um foco na redução de custos e no aumento da eficiência operacional. Bacci expressou preocupação com um possível aumento nos preços das mercadorias, que poderia afetar negativamente o consumo global, embora esse cenário ainda não tenha se concretizado. A empresa está lançando um novo produto na província de Carajás, visando atender a uma variedade de clientes em um ambiente econômico desafiador.
Os clientes da Vale na China, por sua vez, não indicam expectativa de diminuição na demanda por minério de ferro, reafirmando a confiança na continuidade das operações e nas perspectivas de mercado.