As ações do Itaú (ITUB4) apresentaram uma valorização de aproximadamente 16% nos últimos doze meses, conforme dado divulgado após o fechamento do pregão em 25 de agosto. Esse movimento reforça o interesse dos investidores pelo maior banco privado do Brasil. Contudo, surge a dúvida: é o momento certo para investir ou ainda há potencial de crescimento?
O desempenho das ações do Itaú é impulsionado por três fatores principais: o cenário político, a situação macroeconômica e o desempenho operacional da instituição. No segundo trimestre de 2025 (2T25), o banco registrou um lucro líquido recorrente de R$ 11,5 bilhões, um aumento de 3% em comparação ao trimestre anterior e de 14,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 23,3%, superando o ROE de 22,5% do primeiro trimestre e de 22,4% há um ano, indicando uma robustez na rentabilidade da instituição.
Analistas atribuem esse bom desempenho a diversos fatores, incluindo o controle da inadimplência, o crescimento da margem com clientes e a expansão da carteira de crédito. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, observa que o Itaú continua a se destacar entre os grandes bancos, apresentando um lucro sólido e uma rentabilidade elevada. Contudo, ele alerta que o mercado já pode estar incorporando essa superioridade, o que poderia limitar espaço para surpresas positivas.
O Bradesco BBI destacou a melhora na margem financeira líquida e revisou para cima suas projeções nesse sentido, apesar de uma abordagem cautelosa na concessão de crédito. O Morgan Stanley notou provisões menores do que o esperado e um crescimento acima do previsto nas receitas de seguros. O BTG Pactual ressaltou a recuperação da rentabilidade no setor de varejo e a alta do índice de capital principal (CET1), que permanece acima da média dos concorrentes.
Entretanto, o ambiente político e regulatório impacta negativamente as ações do Itaú. No pregão de 19 de agosto, o banco teve uma queda de 3,05%, contribuindo para a baixa de 2,1% do Ibovespa. Essa queda foi influenciada pela decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a jurisprudência de leis estrangeiras no Brasil, vinculada à Lei Magnitsky dos EUA.
Apesar das turbulências, o Itaú está em um período de transformação de sua estratégia de crescimento. Durante o Itaú Day, realizado em 2 de setembro, a instituição destacou sua nova abordagem focada em eficiência, ampliação da carteira de crédito e fortalecimento em diversos segmentos. A meta é reduzir o índice de custo sobre receita de 39% para cerca de 30% e dobrar a carteira de crédito até 2030.
Analistas da Genial Investimentos destacam que o Itaú tem mostrado sólida eficiência há décadas e visa transformar esses ganhos em rentabilidade, com um ROE projetado para mais de 25%, acima do custo de capital estimado em 15%. O banco mantém liderança no mercado atacadista, com ROE próximo de 30% e R$ 1,1 trilhão em ativos sob gestão, além de uma performance destacada no agronegócio e em outros países da América Latina, como Uruguai, Paraguai e Chile.
André Rodrigues, responsável pelas áreas de Pessoa Física e Seguros do Itaú, afirmou à Reuters que a instituição está redefinindo seus públicos-alvo no varejo, com a expectativa de dobrar a carteira de clientes em Pessoa Física até 2030 e aumentar a predominância de atendimentos digitais, visando 75% dos clientes atendidos digitalmente nos próximos anos.
Sobre a perspectiva de investimento em Itaú, Alexandre Abu-Jamra, CEO da Klooks, ressaltou a combinação de rentabilidade e previsibilidade como fatores destacados que tornam o banco referência no setor. Já Ângelo Belitardo Neto, da Hike Capital, afirma que o Itaú é atualmente a ação mais recomendada pelos analistas, devido ao seu crescimento constante, eficiência operacional e controle da inadimplência.
A XP Investimentos aumentou a posição do Itaú na sua carteira Top Ações de 10% para 12,25% em setembro, mantendo uma visão otimista, com recomendação de compra e preço-alvo entre R$ 43 e R$ 45. A Genial também recomenda a ação, com um preço-alvo de R$ 43,80, e sugere ações ordinárias ITUB3 como uma opção mais acessível.
O Bradesco BBI manteve a recomendação de “outperform”, com preço-alvo de R$ 44, enquanto o Morgan Stanley recomendou comprar os recibos de ações que são negociados nos Estados Unidos (ADRs) com preço-alvo de US$ 7,50, enfatizando os resultados positivos e a operação estável do Itaú.