ZURIQUE (Reuters) – Klaus Schwab, o fundador do Fórum Econômico Mundial (WEF), anunciou sua renúncia ao cargo de presidente do conselho de administração da instituição. O comunicado foi feito nesta segunda-feira, um mês após a revelação de que Schwab, de 87 anos, pisaria para fora do cargo, embora sem um cronograma específico para sua saída.
“Ao entrar em meu 88º ano de vida, decidi deixar o cargo de presidente e membro do Conselho de Administração, com efeito imediato”, declarou Schwab em nota divulgada pelo WEF. Até o momento, o motivo de sua decisão não foi esclarecido.
O conselho do WEF aceitou a renúncia em uma reunião extraordinária realizada no dia 20 de abril. O vice-presidente, Peter Brabeck-Letmathe, assumirá interinamente a presidência enquanto a busca por um novo presidente se inicia.
Nascido na Alemanha, Schwab fundou o WEF em 1971, estabelecendo um espaço para que líderes políticos e executivos abordassem questões globais. A reunião anual do fórum, que ocorre em Davos, tornou-se um evento de relevância internacional, reunindo personalidades influentes para discutir a agenda global.
Críticas ao Fórum
O WEF em Davos, frequentemente visto como um defensor da globalização, vem enfrentando críticas tanto de grupos esquerdistas quanto de direita. Os detratores consideram o evento um espaço elitista, desconectado das realidades cotidianas da população.
Com sede em Genebra, a organização também lida com relatos negativos sobre sua cultura interna. Em 2022, o *Wall Street Journal* informou que a diretoria estava colaborando com um escritório de advocacia em investigações sobre alegações de assédio e discriminação. O WEF, por sua vez, negou as acusações.
A instituição foi impactada pela crise financeira global de 2007-2009 e enfrenta desafios adicionais devido a tensões geopolíticas, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 e a adoção de políticas comerciais mais protecionistas nos EUA. Essas questões geraram uma percepção de declínio do WEF entre analistas econômicos.
Schwab havia previsto, há anos, a reação negativa à globalização, muito antes de eventos significativos como a eleição de Donald Trump ou o referendo do Brexit em 2016, eventos que refletem um descontentamento crescente com as estruturas econômicas atuais. Em artigo de opinião de 1996, Schwab e seu colaborador Claude Smadja enfatizaram que “uma crescente reação contra os efeitos da globalização poderia impactar a atividade econômica e a estabilidade social em diversas nações”.
No diagnóstico de Schwab, o sentimento predominante nas democracias é de impotência e ansiedade, fatores que contribuíram para o surgimento de lideranças populistas.
(Reportagem de Dave Graham; edição de Kirsten Donovan, Rachna Uppal e Andrew Cawthorne)