O futuro da distribuição de seguros no Brasil é o foco de intensos debates. Durante o Conec 2025, importantes líderes e executivos do setor se reuniram para discutir os principais desafios e oportunidades que envolvem o Open Insurance, as SPOCs (Sociedades de Propósito Específico de Corretagem) e a regulamentação das APVs (Associações de Proteção Veicular). As discussões ocorreram em torno do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), uma iniciativa promovida pela CNseg, que é vista como um marco para o setor no médio e longo prazo.
O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, ressaltou que o PDMS é resultado de uma colaboração coletiva e estabeleceu metas ambiciosas, como aumentar o pagamento de indenizações para 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e expandir a comercialização de seguros para 10% da população brasileira. Para alcançar esses objetivos, Dyogo destacou três pilares importantes: a imagem do seguro, o desenvolvimento de produtos e a distribuição.
O primeiro pilar se refere à necessidade de melhorar a percepção pública sobre seguros, considerando que ainda falta um conjunto de políticas que reconheçam os seguros como uma ferramenta social. Dyogo destacou a importância de formar parcerias com setores como a indústria e o comércio para evidenciar o papel dos seguros no cotidiano das pessoas.
O segundo pilar aborda a ampliação da oferta de produtos e a diversificação dos portfólios, enquanto o terceiro enfatiza a importância de melhorar os canais de distribuição. Dyogo afirmou que é crucial ampliar o alcance dos produtos de seguros, utilizando a tecnologia para atingir todas as redes de corretores.
A regulamentação das APVs também foi um assunto central nas discussões. A formalização das regras para essas associações é vista como uma forma de garantir maior segurança jurídica, já que muitas dessas organizações podem se adaptar ou mesmo passar a atuar como seguradoras. O presidente da Fenacor, Armando Vergilio, acredita que a regulamentação vai tornar o mercado mais saudável, defendendo a importância da Lei Complementar 213/2025, que estabelece novas diretrizes para as associações, agora chamadas de PPMs (Proteção Patrimonial Mutualista).
Armando ressaltou que, apesar das críticas, essa nova regulação é essencial para organizar o setor e eliminar práticas irregulares. Ele afirmou que o conhecimento é um aspecto fundamental e que a regulamentação abre espaço para que apenas aqueles que desejam atuar de forma regular possam participar do mercado.
Manuel Matos, vice-presidente da Fenacor, também comentou sobre a relevância do PDMS, considerando-o um importante guia para as ações do mercado nos próximos anos. Ele revelou que a Fenacor está desenvolvendo um plano de “evangelização” para mostrar como as diretrizes do PDMS podem ser aplicadas na prática por corretores e entidades do setor.
Os participantes do evento destacaram que, atualmente, mais de 90% da distribuição do mercado de seguros está nas mãos dos corretores, que desempenham um papel crucial na expansão do setor. Armando Vergilio afirmou que as mudanças regulatórias e tecnológicas impactarão positivamente o mercado apenas se forem bem comunicadas à base de distribuição.
Lucas Vergilio, presidente da Escola de Negócios e Seguros (ENS), apontou a necessidade de os corretores se prepararem para inovações. Ele alertou que as mudanças trazidas pelo Open Insurance e pelas SPOCs podem se tornar diferenciais no mercado, mas o corretor deve entender essas inovações e acompanhar seu desenvolvimento. Um desafio importante que ele destacou é a desigualdade na infraestrutura tecnológica em diferentes regiões do Brasil.
Além das discussões sobre regulamentação, foi anunciada a elaboração de um Plano Diretor de Desenvolvimento e Distribuição de Seguros, que está sendo preparado pela Fenacor com um horizonte até 2035. Essa proposta busca criar um modelo estruturado que conecte corretores, seguradoras e canais digitais, visando uma expansão eficaz da distribuição. Lucas concluiu expressando otimismo sobre o futuro, desejando que o mercado se mantenha forte e que os corretores continuem a desempenhar um papel ativo, independentemente das inovações que surgirem.