A temporada de resultados financeiros dos principais bancos privados se encerra hoje com a divulgação do balanço do Banco do Brasil (BBAS3) referente ao terceiro trimestre de 2025. Após a apresentação dos números do Itaú (ITUB4), que não trouxe surpresas positivas, as expectativas para o Banco do Brasil são de que os resultados fiquem entre os menos favoráveis.
Analistas da Genial esperam que o desempenho do Banco do Brasil continue sendo impactado pelo aumento da inadimplência. Essa realidade contrasta com a expectativa de manutenção ou aumento da rentabilidade do banco. O Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) deve permanecer abaixo de 10%, apesar de um possível suporte regulatório. A recente Medida Provisória nº 1.314 propõe a criação de linhas de crédito para ajudar na renegociação de dívidas de produtores rurais afetados por eventos climáticos. Entretanto, a Genial não acredita que essa medida seja aprovada pelo Congresso, limitando seu uso a apenas 120 dias após sua edição.
Apesar das dificuldades, a Genial projeta uma ligeira melhora de 3,1% no Resultado Líquido de Juros (NII), sustentada por um custo de captação mais favorável e maior liquidez. Esses fatores podem impulsionar o desempenho da tesouraria do banco. Entretanto, esse aumento na receita deverá ser mais do que compensado pelos custos relacionados ao crédito, que estão em alta.
A estimativa para o lucro líquido do Banco do Brasil é de R$ 3,4 bilhões, representando uma queda de 9,4% em comparação ao trimestre anterior e uma diminuição de 64% em relação ao mesmo período do ano anterior. A previsão para o ROE é de 7,4%, com uma redução comparativa de 0,79 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e de 13,17 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Esses números estão significativamente abaixo do custo de capital do banco.
A XP também divulga expectativas negativas, com um crescimento na carteira total de 9% em relação ao ano anterior, ainda assim acima do limite superior da orientação para 2025. Essa orientação foi revisada no segundo trimestre para adequar-se melhor ao cenário atual do banco.
As preocupações com a inadimplência são reforçadas por análises do Goldman Sachs, que destacam o setor agropecuário como o principal foco de atenção. O aumento da inadimplência é especialmente preocupante neste trimestre, que é sazonalmente crítico, concentrando cerca de 40% dos vencimentos da safra do ano. O banco estrangeiro observou dados até julho indicando uma contração nos lucros, apesar do risco de alta nas previsões financeiras.



