A maratona de escolha de samba-enredo nas quadras das escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro foi encerrada na madrugada de ontem. O destaque ficou por conta das escolhas da Estação Primeira de Mangueira e do Acadêmicos do Salgueiro, que revelaram os sambas campeões para o carnaval de 2026. Este próximo desfile promete ser especial, com enredos homenageando personalidades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, três das doze escolas de samba da elite carioca decidiram unir sambas de diferentes compositores, resultando em músicas com até 20 autores.
No caso do Salgueiro, a escolha do samba foi marcada por muitas discussões e a união de dois sambas concorrentes, que foram adaptados para criar uma nova composição. Essa fusão envolveu as obras de Rafa Hecht e Marcelo Motta, somando a assinatura de mais 18 compositores. André Vaz, presidente do Salgueiro, explicou durante a festa de finalização que a decisão de unir as composições foi tomada após reuniões com a equipe musical e com a comunidade da escola, que teve a oportunidade de votar no samba. Apesar de algumas reações mistas entre os torcedores, o presidente pediu união para que a escola se destacasse no próximo carnaval.
A Imperatriz Leopoldinense foi a primeira escola a optar pela fusão de sambas, resultando em um hino com 12 compositores em homenagem ao artista Ney Matogrosso. Na sequência, a Beija-Flor de Nilópolis também fez uma junção, reunindo a letra e a melodia de dois concorrentes, contando com 13 autores para o samba que prestará homenagem ao Bembé do Mercado, uma celebração tradicional do candomblé na Bahia.
As fusões geraram opiniões divergentes entre a torcida. Enquanto alguns apoiaram a valorização poética que a união das letras trouxe, outros expressaram preocupação com a desvalorização do trabalho individual dos compositores. Comentários nas redes sociais refletem essa divisão, com torcedores debatendo a qualidade das composições resultantes das junções.
Na Imperatriz, a fusão deste ano foi a segunda em um período de três anos, sendo que na primeira vez o resultado gerou críticas, mas acabou levando a escola a um desfile bem-sucedido e ao vice-campeonato. O novo samba gerou controvérsias novamente, com algumas críticas construtivas e muitos fãs demonstrando seu apoio à nova abordagem.
Por outro lado, a Mangueira anunciou seu samba sem optar por fusões. A escola escolheu a obra de uma parceria que inclui Pedro Terra, Tomaz Miranda e outros para o enredo intitulado “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju — O Guardião da Amazônia Negra”. O tema irá explorar a rica história afro-indígena da região Norte do Brasil, focando nas vivências do personagem central.
Outras escolas, como Viradouro, Portela, Grande Rio, Mocidade, Vila Isabel e Unidos da Tijuca, também realizaram suas escolhas nas últimas semanas. Vale destacar que algumas agremiações, como Paraíso do Tuiuti e Acadêmicos de Niterói, não optaram pelos concursos tradicionais e escolheram encomendá-los a grupos de compositores renomados. Na Niterói, a equipe é composta por oito autores, incluindo a cantora Teresa Cristina e André Diniz, conhecido por seus sucessos na Vila Isabel.