O Globoplay, serviço de streaming da Globo, comemora seu décimo aniversário nesta segunda-feira. A plataforma, que ocupa a segunda posição entre os serviços de streaming no Brasil, continua atrás da Netflix em termos de audiência. De acordo com dados recentes, a Netflix representa 4,5% de todo o conteúdo em vídeo assistido no país, enquanto o Globoplay responde por 1,5%. Esses números foram obtidos a partir de uma amostra de 15 regiões metropolitanas do Brasil.
Apesar dos desafios, a Globo destaca alguns motivos para celebrar. Um deles é o crescimento de 40% na base de assinantes pagos em apenas um ano. O Globoplay oferece também diferentes serviços gratuitos, incluindo a transmissão do sinal aberto da TV Globo. Com isso, a plataforma conseguiu registrar lucro pela primeira vez, conforme informou Julia Rueff, diretora-executiva do Globoplay.
Julia Rueff, que lidera a plataforma desde sua chegada há pouco mais de um ano, traz uma experiência anterior na alta cúpula do Mercado Livre. Ela menciona que o Globoplay tem o maior engajamento do país entre os serviços de streaming, superando outras plataformas, como YouTube, que têm um uso diário médio de duas horas e nove minutos.
É importante destacar que o tempo de consumo no streaming ainda é pequeno se comparado à televisão aberta. A Globo, por exemplo, tem cerca de 7% de sua audiência na plataforma digital, em comparação aos telespectadores tradicionais que assistem pela antena.
A menor audiência também apresenta oportunidades para o Globoplay. A plataforma se torna um espaço de testes para novas produções e formatos, como novelas verticais e narrativas mais compactas. Produções consideradas inovadoras, como “Verdades Secretas II”, foram inicialmente exibidas no Globoplay antes de chegarem à TV tradicional, o que mostra a flexibilidade da plataforma.
Para ampliar sua audiência, os executivos do Globoplay reconhecem a necessidade de estreitar laços com a televisão aberta. Eles perceberam que os conteúdos que têm melhor aceitação são aqueles que abordam histórias profundamente brasileiras. Além das novelas, que são um forte atrativo para os assinantes, como a promessa de ter em breve 300 folhetins disponíveis, produções como a série “Pablo & Luisão”, de Paulo Vieira, também têm garnerado atenção, ao apresentar aspectos da cultura brasileira de maneira cômica.
No entanto, a competição está acirrada. Apesar de ter um vasto acervo de conteúdos sobre personagens brasileiros, o Globoplay enfrenta rivais que também estão investindo na produção de conteúdos que ressoam com o público brasileiro. Um exemplo é a série sobre Ayrton Senna, que está sendo dramatizada pela Netflix, enquanto a Globo lançou apenas uma versão documental.
Os custos das assinaturas são outro aspecto importante, com a concorrência sendo agressiva. A assinatura mais barata do Globoplay custa mais do que a da Netflix, que oferece seu serviço a R$ 20,90, enquanto a versão do Globoplay com anúncios é vendida por R$ 21,90. Os executivos do Globoplay sabem que a alta taxa de endividamento das famílias e o mercado competitivo dificultam o aumento de sua base de assinantes.
A publicidade também desempenha um papel crucial na saúde financeira do Globoplay. A plataforma possui um grande número de usuários que acessam conteúdo através de opções gratuitas ou planos básicos, o que torna a inserção de anúncios uma estratégia eficaz. Esses anúncios podem ser mais frequentes no Globoplay, com novas formas de publicidade surgindo regularmente, como vídeos exibidos quando os usuários fazem pausas na transmissão.
Julia Rueff expressa orgulho em ver a Globo se destacando em um mercado com forte concorrência internacional. Enquanto os grandes serviços de streaming internacionais têm uma receita diluída em vários mercados, o Globoplay luta para se manter competitiva, investindo em tecnologia e na melhoria da infraestrutura da plataforma.
Os dois executivos ressaltam que, apesar dos avanços, a falta de transparência em dados de audiência representa um desafio. Embora o Globoplay tenha aproximadamente 30 milhões de usuários, não se sabe quantos deles pagam uma assinatura e quantos acessam apenas conteúdos gratuitos. Essa falta de clareza se estende ao consumo de obras específicas, o que pode dificultar a procura por melhores oportunidades para os artistas.
A regulação do streaming pode ser uma oportunidade para ajudar o Globoplay a crescer. A Globo afirma que cumpre todas as obrigações fiscais, mas vê uma desigualdade no setor que precisa ser abordada. Eles esperam que a regulamentação ocorra em breve, o que poderia beneficiar a plataforma e promover um ambiente mais competitivo no mercado de streaming no Brasil.


