Analistas financeiros do Itaú BBA e da XP Investimentos estão otimistas com o anúncio da Guararapes, empresa dona da Riachuelo, sobre a venda do shopping Midway Mall em Natal, no Rio Grande do Norte. A operação foi divulgada ao mercado na última sexta-feira. No entanto, após o anúncio, as ações da companhia caíram 8,65%, sendo cotadas a R$ 10,45 na segunda-feira.
A venda do shopping ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas a Guararapes já iniciou as negociações. A empresa assinou um memorando de entendimentos não vinculante com um grupo de investidores liderado pela Capitânia Investimentos. De acordo com estimativas, o shopping pode ser avaliado em cerca de R$ 1,6 bilhão, e o pagamento será feito de forma parcelada.
A XP Investimentos considera que essa venda pode ajudar a simplificar a estrutura da Guararapes e liberar recursos que ainda não estão refletidos no valor das ações. Se a venda for concluída, o múltiplo P/L (Preço sobre Lucro) da Guararapes deve cair de 9,7 vezes para aproximadamente 8 vezes em 2026. Isso poderia resultar em um retorno em dividendos, também chamado de dividend yield, entre 20% e 30%, um percentual considerado alto para o setor. Os analistas acreditam que a transação pode gerar um montante significativo de caixa para a distribuição de dividendos aos acionistas, alinhando-se ao foco da empresa em seu negócio principal, que é o varejo de moda.
O Itaú BBA também vê a venda como uma boa oportunidade e acredita que a operação pode liberar um valor relevante. O banco estima que a transação pode agregar aproximadamente R$ 360 milhões ao valor presente líquido, o que representa cerca de 6% do valor de mercado da Guararapes. O Midway Mall é classificado como um ativo de alta qualidade, e os R$ 1,6 bilhão estimados pela venda estão no limite superior das avaliações anteriores, que variavam entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,6 bilhão.
Além disso, o Itaú BBA aponta para eventuais benefícios fiscais. Como a Guararapes possui prejuízos fiscais acumulados, parte do lucro obtido com a venda, que é calculado em torno de R$ 1,35 bilhão, pode ser compensada, resultando na redução do pagamento de impostos. A alíquota efetiva poderia cair de 34% para aproximadamente 24%, aumentando o patrimônio da empresa e possibilitando a distribuição de Juros sobre Capital Próprio, o que beneficiaria ainda mais os acionistas.
Ainda segundo o Itaú BBA, o múltiplo P/L em 2026 deve cair de 9,9 para 9,2 vezes, assumindo que metade dos recursos provenientes da venda seja recebida até lá. Os analistas também projetam um dividend yield entre 18% e 19% para a companhia, se os valores líquidos após impostos forem distribuídos.
Os analistas da XP e do Itaú BBA também destacam que a Guararapes possui uma posição financeira sólida. A empresa encerrou o terceiro trimestre com uma dívida líquida equivalente a 0,7 vez o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), o que lhe confere a capacidade de realizar novas iniciativas e devolver recursos aos acionistas. Mesmo que a alavancagem aumente para uma vez o Ebitda após a venda do shopping, a estrutura de capital da empresa continuará equilibrada.
A XP Investimentos recomenda a compra das ações da Guararapes, com preço-alvo de R$ 17, enquanto o Itaú BBA também recomenda que os investidores compram as ações, prevendo um desempenho acima da média do mercado.



