(Reuters) – O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, declarou nesta quinta-feira, durante um evento do UBS BB em Washington, que a atual política monetária do Brasil está mais restrictiva em comparação aos ciclos anteriores e que a instituição pretende manter essa postura. Ele destacou que o nível atual das taxas de juros é fundamental para direcionar a economia na direção correta.
David afirmou que os dados econômicos mais recentes estão alinhados às expectativas do Banco Central, mas enfatizou a necessidade de monitorar mais informações e dar tempo para avaliar a trajetória da economia. O diretor também mencionou que, no fim de 2024, havia dúvidas sobre a eficácia da política monetária e se o Brasil estaria enfrentando dominância fiscal, entendimento que, segundo ele, nunca foi compartilhado pelo Banco Central.
Ele ressaltou que a decisão do Banco Central de adotar uma postura restritiva foi deliberada, superando o que seria necessário em outras circunstâncias. “Estamos mais restritivos do que em ciclos anteriores e queremos continuar assim, observando os efeitos defasados na economia”, disse David.
Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15% ao ano e sinalizou a intenção de manter essa taxa por um “período bastante prolongado”, visando controlar a inflação em direção à meta de 3%.
David também expressou otimismo quanto à convergência das expectativas de inflação do mercado, conforme registrado no boletim Focus. Atualmente, os economistas projetam uma inflação de 4,72% para 2025, 4,28% em 2026 e 3,90% em 2027, todos acima do centro da meta estabelecida.
Em sua análise, o diretor atribuiu parte das expectativas inflacionárias desancoradas a questões fiscais, especialmente a decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de pagar precatórios represados em função da PEC dos Precatórios, aprovada em 2021, que impactou a política monetária.
Por fim, ao comentar sobre os recentes atritos comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil, David afirmou que, embora as tarifas norte-americanas afetem alguns setores, os impactos na economia como um todo são irrelevantes.
(Reportagem de Fabrício de Castro)