O Banco Central (BC) informou nesta quarta-feira que a situação de risco no mercado de crédito piorou, independentemente da metodologia aplicada na avaliação, e que essa pressão deve persistir no curto prazo. Apesar desse cenário desafiador, a instituição destacou a solidez do sistema financeiro nacional.
De acordo com o recente Relatório de Estabilidade Financeira, publicado semestralmente pela autarquia, houve um aumento nos ativos problemáticos em quase todas as carteiras de crédito, com destaque para o setor rural e para micro, pequenas e médias empresas.
O Banco Central observou que, apesar do incremento nas perdas projetadas, o sistema financeiro permanece bem provisionado e registrou um aumento na rentabilidade. A instituição mantém a taxa Selic em 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas. Essa decisão visa controlar a inflação, mas tem provocado efeitos no mercado de crédito, como o aumento das taxas de juros nos financiamentos, levando a uma redução nas concessões e um maior risco de inadimplência.
A desaceleração do crédito afetou diversas modalidades tanto para famílias como para empresas, além de impactar o mercado de capitais, que, embora continue apresentando taxas elevadas, também sente os efeitos do contexto econômico. O BC afirmou que o financiamento à economia real desacelerou, refletindo condições financeiras mais restritivas e uma moderação no crescimento da atividade econômica.
As instituições financeiras adotaram uma postura mais cautelosa em relação ao risco, resultando em uma desaceleração do crédito, embora a qualidade da maioria das novas concessões tenha melhorado. O Banco Central ressaltou a necessidade de prudência nas contratações, considerando os riscos associados ao comprometimento da renda das famílias e ao endividamento de pequenos negócios.
Quanto à rentabilidade dos bancos, a autarquia considerou que se mantém robusta o suficiente para enfrentar eventuais adversidades e mudanças no cenário econômico.
Risco Cibernético
Após uma série de ataques aos sistemas de pagamento no Brasil, o Banco Central declarou que “os incidentes recentes evidenciaram que a materialização do risco cibernético pode ter consequências significativas para instituições financeiras e de pagamento”. Esses episódios resultaram em perdas financeiras, expuseram fragilidades nos controles internos das instituições e de seus prestadores de serviços, e demonstraram que um número considerável de instituições carece de mecanismos adequados para administrar determinadas operações.
O Banco Central afirmou que, além das medidas já implementadas, continuará a monitorar e responder a incidentes cibernéticos relevantes que possam comprometer o funcionamento regular do sistema financeiro.



