PEQUIM (Reuters) – A China enfrenta pressões deflacionárias continuadas, conforme indicado pela queda nos preços ao consumidor e ao produtor em setembro. Este cenário acentua a necessidade de medidas adicionais, especialmente em meio à retração persistente do mercado imobiliário e às tensões comerciais que afetam a confiança do consumidor.
Embora o crescimento das exportações tenha mostrado sinais de recuperação no mês passado, as novas barreiras comerciais e as tensões entre Pequim e Washington elevaram as preocupações sobre o emprego e a possibilidade de uma deflação acentuada. Até o momento, as autoridades chinesas têm se mostrado cautelosas em relação à implementação de estímulos significativos, temendo que isso possa gerar uma bolha no mercado de ações, similar à crise de 2015.
De acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas, os preços ao produtor diminuíram 2,3% em setembro em relação ao mesmo mês do ano anterior. Esta queda representa uma leve melhoria em relação ao declínio de 2,9% registrado em agosto e se alinha às expectativas do mercado.
Os índices de preços ao consumidor também apresentaram recuo, caindo 0,3% em setembro em relação ao ano anterior, um leve ajuste em relação ao declínio de 0,4% observado em agosto. Além disso, a taxa prevista em pesquisa realizada pela Reuters, que esperava uma queda de 0,2%, não se concretizou.
Zichun Huang, economista da Capital Economics, ressaltou que a expectativa é de que tanto os preços ao consumidor quanto aos produtores continuem em deflação, tanto este ano quanto no próximo. Ela observou que as autoridades chinesas estão cada vez mais atentas à deflação, mas questionou a eficácia das soluções propostas do lado da oferta sem um suporte sólido da demanda.
No que diz respeito aos alimentos, os preços apresentaram uma queda significativa de 4,4% em relação ao ano anterior, com a carne suína apresentando um declínio de 17%, apesar dos apelos governamentais para que grandes produtores reduzam a produção. A queda nos preços dos alimentos foi de 4,3% em agosto.
Em contrapartida, o núcleo da inflação, que exclui os preços voláteis de alimentos e combustíveis, registrou uma alta de 1% em setembro, marcando a aceleração em relação aos 0,9% de agosto, o que representa o maior nível em 19 meses. Em termos mensais, o índice de preços ao consumidor subiu 0,1%, em comparação à estabilidade de agosto e abaixo da projeção de um aumento de 0,2% esperada por analistas.