O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% durante a reunião realizada na quarta-feira, 5 de julho. A decisão destaca um tom cauteloso, sem indicações de cortes num futuro próximo.
Esta é a quarto consecutiva manutenção da Selic desde que a taxa foi fixada em 15% em junho.
O mercado esperava ajustes nas expressões do Banco Central, o que poderia abrir espaço para uma maior flexibilidade na política monetária nas próximas reuniões.
Entretanto, o economista Leonardo Costa, do ASA, avaliou o comunicado como “neutro/hawk”, com uma leve redução na projeção de inflação. Ele ressalta que o tom permanece rigoroso, em desacordo com as expectativas de parte do mercado.
A decisão unânime do Copom foi bem recebida, mas o tom rendeu surpresas. Marcelo Bolzan, planejador financeiro da The Hill Capital, observou que muitos esperavam uma sinalização de mudança na política monetária, o que não ocorreu. O comunicado manteve a mesma linha do anterior, ao mesmo tempo que reforçou a necessidade de uma política monetária descomprometida.
Camilo Cavalcanti, gestor de portfólio da Oby Capital, notou a ênfase contínua no cenário externo incerto e na moderação do crescimento econômico.
Inflação em Queda
O Copom reconheceu, em seu comunicado, que a inflação está diminuindo, embora ainda esteja acima da meta. Essa mudança, ainda que sutil, foi destacada por Bolzan como um aspecto positivo da decisão.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, acrescentou que a manutenção da Selic elevada segue sendo crucial para controlar a inflação, a qual está próxima do limite superior da meta. Ele alerta que uma redução antecipada da taxa de juros poderia resultar em uma curva de juros mais elevada a médio e longo prazo.
Menor Volatilidade
Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, enfatizou que a decisão de manter a taxa de juros proporciona estabilidade e reduz a volatilidade, permitindo maior planejamento e mantendo a credibilidade do Brasil no ciclo de aperto monetário.
Freio Produtivo
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) criticou a manutenção da Selic, alertando que isso freia a produção e prejudica o setor industrial. O presidente da entidade, Flávio Roscoe, afirmou que a alta do juro dificulta o financiamento e a realização de novos investimentos.
Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), considerou a decisão um “duro golpe” para a economia. Ele observou que, com a expectativa de inflação em 4,06% para os próximos 12 meses, o juro real supera 10%, o que desencoraja investimentos e impacta negativamente o consumo, especialmente entre as classes de menor renda.



