De acordo com o Censo Condominial 2025/2026, realizado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Receita Federal e da plataforma de gestão de condomínios uCondo, o Brasil conta atualmente com 327.248 condomínios ativos, que abrigam cerca de 39 milhões de moradores. O levantamento revela um aumento significativo nas taxas condominiais, que cresceram 24,9% em três anos, atingindo uma média de R$ 516 no primeiro semestre de 2023. Em contrapartida, a inadimplência superior a 30 dias alcançou 11,95%, o nível mais alto desde o início do monitoramento.
Léo Mack, diretor de Operações da uCondo, atribui esse aumento ao contexto econômico desafiador que impactou o endividamento das famílias brasileiras. Em meio a essa situação, o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos, destaca que a taxa de condomínio frequentemente fica em segundo plano nas prioridades financeiras dos moradores.
O censo ainda aponta que cerca de 500 mil pessoas atuam no setor, com uma remuneração média de R$ 1.520 para síndicos, abrangendo tanto moradores quanto profissionais com vínculos formais ou informais. Mack ressalta que, apesar do aumento na responsabilidade e exigência para a função, a valorização dos síndicos ainda não é equitativa em todo o país.
Além disso, o estudo mostrou que os condomínios geridos pela plataforma uCondo registraram mais de 308 mil chamados neste ano, com as principais demandas relacionadas a solicitações administrativas, reclamações e manutenção de áreas comuns.
Risco da Inadimplência dos Moradores
Com o crescimento da inadimplência condominial, o advogado Rodrigo Palacios, sócio da área de Direito Imobiliário do Viseu Advogados, alerta para os riscos enfrentados por moradores em atraso, que incluem cobranças de multas e juros, além da possibilidade de penhora e perda do imóvel. Segundo Palacios, o Código de Processo Civil de 2015 possibilita que as dívidas condominiais sejam consideradas títulos executivos extrajudiciais, permitindo que condomínios ingressem diretamente com ações de execução.
O doutor em Direito Civil pela USP, Ermiro Ferreira Neto, recomenda que os inadimplentes recorram à administração do condomínio para discutir propostas de pagamento, afirmando que o síndico pode ser flexível, desde que tenha respaldo da assembleia de condôminos.
Cautelas para Preservar o Imóvel
- Orçamento: Inclua a taxa de condomínio no planejamento financeiro pessoal, considerando-a uma despesa fixa essencial.
- Controle financeiro: Utilize um calendário para organizar pagamentos e minimize riscos de atraso.
- Diálogo: Em caso de dificuldades financeiras, procure o síndico ou a administradora o quanto antes para evitar que a situação se agrave.
- Negociação: É possível negociar dívidas tanto antes quanto durante ações judiciais, pois muitas vezes o condomínio prefere acordos que sejam benéficos para ambos os lados.
- Mudança de imóvel: Considere a possibilidade de se mudar para um local com custos mais baixos, comunicando previamente o síndico sobre suas intenções.
Resolução de Conflitos
Dos chamados registrados no levantamento, 28% foram relacionados a reclamações, com as questões mais frequentes envolvendo barulho, disputas de garagem, uso de áreas comuns, presença de animais e convivência entre vizinhos. O advogado Rodrigo Palacios sugere diálogo e mediação como as principais abordagens para resolver conflitos inevitáveis na vida em condomínio.
Palacios enfatiza que a via judicial deve ser considerada como último recurso, utilizada apenas quando as tentativas amigáveis são esgotadas e a situação evolui para problemas mais sérios, como danos e abusos. Essa abordagem é fundamental para preservar a boa convivência e a harmonia entre os condôminos.



