Os dados mais recentes da PNAD, divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (30), indicam um panorama positivo para o mercado de trabalho brasileiro em 2025. A taxa de desemprego caiu de 5,4% em outubro para 5,2% em novembro, surpreendendo as expectativas do mercado, que previa estabilidade. Além disso, a taxa de ocupação melhorou, a informalidade apresentou queda e a renda média dos trabalhadores continua a evoluir.
A métrica trimestral móvel de desemprego também apresentou redução, passando de 5,8% para 5,5%. De acordo com a XP, ao considerar a estimativa mensal e ajustada sazonalmente, a taxa de desemprego recuou de 5,5% para 5,1% em novembro. O aumento do emprego total é outro aspecto destacado, com um crescimento estimado de 0,8% em relação ao mês anterior, totalizando 102,8 milhões de postos de trabalho, o que representa um avanço de 1,1% em comparação a novembro de 2024.
Um dos fatores que contribuíram para o incremento no número de vagas foi o setor de serviços públicos. De acordo com a XP, a área de administração pública, defesa, previdência social, educação e saúde gerou 310 mil novos empregos em novembro, um aumento significativo em relação à média de 75 mil vagas nos quatro meses anteriores. A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada em Belém, pode ter influenciado esse crescimento, embora não explique totalmente a alta geral no emprego.
André Valério, economista sênior do Inter, observou que a administração pública foi o único setor a registrar aumento no número de ocupados, com a adição de 492 mil postos. Desse total, 250 mil foram no setor público, que agora conta com 13,1 milhões de empregados, um novo recorde histórico. Valério também ressaltou que, em meio a um ciclo dinâmico, a resiliência do emprego formal se destacou, com um crescimento de 2,9% em relação ao ano anterior e 0,9% em termos mensais.
No entanto, os dados também refletem uma queda de 1,8% na informalidade em relação ao ano anterior, a quarta redução consecutiva, apesar de um leve aumento de 0,4% em termos mensais. O economista projeta um crescimento da população total empregada de 1,9% em 2025 em comparação a 2024.
Renda em Alta
Em relação à renda dos trabalhadores, Matheus Pizzani, economista do PicPay, informou que houve um aumento de 1,8% no trimestre encerrado em novembro e de 4,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da expansão, sinaliza-se uma estabilização do nível de renda, beneficiado pela diminuição da inflação, sugerindo que a geração de emprego permanece em sintonia com as condições de mercado.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, acredita que o mercado de trabalho deve se manter robusto nos meses seguintes e ao longo de 2026, com a previsão de que a taxa de desemprego permaneça abaixo de 6%, um patamar considerado historicamente baixo para o Brasil.
A XP enfatiza que os dados reforçam a realidade de um mercado de trabalho apertado, com a taxa de desemprego bem abaixo do nível neutro, e projeta que essa taxa poderá atingir 5,5% em 2025 e 6,0% em 2026. Valério alerta sobre a recente deterioração da taxa de câmbio, o que pode colocar em dúvida a possibilidade de cortes na Selic a curto prazo, mas acredita que a normalização do câmbio e os dados de inflação permitirão uma flexibilização nas futuras reuniões do Copom.



