A concorrência no setor bancário tem promovido uma queda no custo dos empréstimos, refletido nos juros aplicados aos financiamentos. Nos últimos anos, fatores como avanços tecnológicos, regulação e a crescente digitalização dos serviços financeiros têm intensificado a disputa entre os grandes bancos e novas instituições que oferecem serviços online.
Um estudo da Elos Ayta Consultoria, liderado pelo economista Einar Rivero, revela que, enquanto em 2013 os cinco maiores bancos detinham 86% dos empréstimos concedidos, atualmente este número caiu para 78%. Rivero aponta que essa redução, embora lenta, é um indicativo da ascensão dos bancos médios, cooperativas e fintechs.
De acordo com o economista, esses novos players estão conquistando seu espaço ao oferecer serviços digitais mais acessíveis e operações simplificadas, o que atrai clientes que antes eram atendidos apenas por grandes instituições. Apesar de ainda haver uma alta concentração de mercado, a tendência é uma alteração no poder dentro do setor, com o crédito sendo tratado cada vez mais como um serviço competitivo e transparente.
Disputa de Mercado
Rivero destaca que a competição por clientes e recursos tem pressionado os grandes bancos a reconsiderar suas margens e reduzir os spreads, que representam a diferença entre os juros cobrados nas operações de crédito e os pagos aos investidores nos títulos bancários. Por exemplo, o spread bancário para empresas caiu de 14,11 pontos percentuais em outubro de 2016 para 9,61 p.p. em agosto de 2023, com uma redução total de 4,5 p.p. ao longo do período.
No segmento de pessoas físicas, onde o spread é geralmente mais elevado, a redução também foi significativa, caindo de 41,15 p.p. em fevereiro de 2017 para 33,53 p.p. em agosto de 2023, representando uma diminuição de 7,62 p.p..


Impacto das Plataformas e do Open Finance
As plataformas de investimento desempenham um papel fundamental nessa transformação, segundo Rivero. Elas eliminaram barreiras que dificultavam a concorrência dos bancos de médio porte, uma vez que as interações digitais têm substituído as agências físicas. Essa mudança permitiu que os investidores comparassem taxas, prazos e riscos de forma mais prática, democratizando o acesso a informações financeiras e gerando uma maior transparência no setor de crédito.
Há uma década, um cliente poderia realizar aplicações e obter empréstimos na mesma instituição financeira. Hoje, bancos de médio porte utilizam plataformas digitais para captar recursos e financiar pequenas e médias empresas em todo o Brasil. Essa evolução resultou em uma diminuição dos custos de funding e um aumento na concorrência, estreitando o spread entre captação e empréstimo, o que beneficia tanto pessoas físicas quanto jurídicas.
Rivero ressalta que a regulação também foi um fator crucial nesse cenário. Iniciativas como o Open Finance, o sistema Pix e a criação de marcos regulatórios para fintechs contribuíram para um ambiente financeiro mais integrado. O compartilhamento de dados possibilita que instituições financeiras menores realizem análises mais precisas dos riscos e ofereçam crédito a preços mais competitivos. Com isso, consumidores podem autorizar o acesso a seu histórico financeiro e receber propostas rapidamente, tornando a comparação de taxas uma prática comum.



