Empresas chinesas têm recorrido a métodos como rotas indiretas e falsificação de certificados de origem para se esquivar das altas tarifas de até 145% impostas pelos EUA, conforme apurado pelo Financial Times. Essa prática, chamada de “lavagem de origem”, gera preocupações entre autoridades de nações asiáticas e tem desencadeado respostas regulatórias significativas.
Anúncios veiculados em plataformas de redes sociais chinesas, como o Xiaohongshu, promovem serviços que incentivam a reenvios de mercadorias para a Malásia. Nessa etapa, os produtos recebem novos certificados de origem antes de serem encaminhados para os EUA. Um exemplo dessas postagens exibia: “Transite pela Malásia para ‘transformar’ em mercadoria do Sudeste Asiático!”.
Essa estratégia visa contornar as exigências da legislação comercial americana, que define como país de origem aquele onde ocorre uma transformação substancial do produto, com um valor agregado significativo. No entanto, autoridades como a alfândega da Coreia do Sul estão alertas e já identificaram irregularidades nos primeiros três meses deste ano, reportando a descoberta de US$ 21 milhões em mercadorias com origem falsificada, principalmente de origem chinesa e destinadas ao mercado americano.
A Malásia declarou seu comprometimento com a integridade do comércio internacional e anunciou a intenção de investigar possíveis viol ações em colaboração com os EUA, caso haja evidências concretas das reclamações.
Fabricantes chineses relataram ao Financial Times que utilizam intermediários para realizar tais manobras. Sarah Ou, representante da Baitai Lighting, explicou que os embarques são feitos sob a modalidade “free on board”, transferindo a responsabilidade para o comprador após a saída do produto do porto chinês. “Depois que saem de Guangzhou ou Shenzhen, não é mais problema nosso”, afirmou.
A discussão sobre tarifas surge em um momento de otimismo em relação a um eventual acordo comercial entre os Estados Unidos e a China. No último domingo, o presidente Donald Trump afirmou que sua prioridade é estabelecer um “acordo comercial justo” com a China e indicou que um novo pacto pode ser anunciado ainda esta semana, embora detalhes ainda não tenham sido divulgados.
A escalada de tarifas, iniciada em abril, abrange tarifas de 25% sobre automóveis, aço e alumínio, além de sobretaxas direcionadas ao Canadá, ao México e à maioria dos outros países. Contudo, essas medidas estão temporariamente suspensas, com retorno previsto para julho.
Enquanto isso, países como Vietnã e Tailândia também estão implementando regras mais rigorosas para a emissão de certificados de origem, evitando que seus territórios sejam utilizados como rotas para a evasão tarifária.