Uma estratégia de investimento de longo prazo pode ser a chave para que traders operem com mais tranquilidade e consistência, minimizando a pressão emocional frequentemente enfrentada no day trade. Durante a transmissão do programa GainDelas, do canal GainCast, Max Bohm, um analista com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro, abordou a importância de equilibrar a prática do trading com investimentos a longo prazo.
A apresentadora Ariane Campolim compartilhou sua trajetória, enfatizando a necessidade de diversificação de estratégias para assegurar uma estabilidade financeira aos traders. “Uma das perguntas que ouço é por que opero com tamanha intensidade no day trade, e a resposta é que construí uma carteira de longo prazo”, afirmou Campolim.
Ela destacou que o recebimento constante de dividendos passou a cobrir suas despesas mensais, levando-a a não depender exclusivamente dos lucros do trade. “Isso me permite operar com mais liberdade”, completou.
Iniciando investimentos enquanto é trader
A construção de uma base financeira sólida, no entanto, não ocorreu da noite para o dia. Campolim recordou que seu processo começou com a formação de uma reserva de emergência. “Foi a primeira coisa que fiz ao iniciar no trade”, contou.
Em seguida, ela passou a adquirir ações no mercado fracionário, mesmo sem compreender completamente a dinâmica da valorização. “Minha mentalidade era pura: eu queria comprar, que valorizasse e quisesse vender”, comentou, ressaltando que precisou evoluir em seu entendimento do conceito de longo prazo.
Bohm também reconheceu a resistência de muitos traders em considerar investimentos com foco estrutural. “É desafiador convencer alguém a criar uma carteira estruturada, uma vez que muitos são avessos a isso”, admitiu.
Apesar disso, ele enfatizou a importância de desenvolver estratégias complementares, dividindo as operações em táticas que favoreçam ganhos de curto prazo e uma carteira com visão de longo prazo.
Divisão do capital em categorias reduz a pressão do trading
Campolim defendeu a separação de estratégias, que deve ser tanto conceitual quanto financeira. “Devemos dividir nosso dinheiro em três categorias: reserva, capital operacional e patrimônio”, explicou. Ela adicionou que, antes de focar em rentabilizar, é necessário “transbordar” recursos para as outras categorias de investimento.
Essa abordagem ordinou uma operação mais tranquila, mesmo diante da volatilidade do mercado. “Atualmente, a maior parte do meu portfólio é de renda fixa”, afirmou Campolim, desafiando a concepção de que todo capital deve ser alocado em trades de curto prazo.
“As pessoas me questionam por que não coloco tudo em operações de trading. A resposta é que, ao processar trades, já realizo estratégias diversificadas. Por que a necessidade de operar incessantemente durante a semana?”, indagou.
Bohm concluiu referindo-se à importância do conceito de position sizing, lembrando que a compreensão do tamanho das operações é essencial para manter a viabilidade no mercado: “Se a pessoa física entender que a chave para o sucesso é não se expor demasiadamente, ela poderá se manter no jogo”, ressaltou.
O consenso entre os participantes foi claro: não é uma questão de escolher ser trader ou investidor. “O longo prazo foi crucial para meu crescimento como trader”, finalizou Campolim.